José Luis Paniagua.
Caracas, 11 jun (EFE).- O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, formalizou nesta segunda-feira sua inscrição para as eleições de outubro em um ato ao qual chegou acenando para o público em cima de um caminhão, e continuou com um discurso alinhado com composições musicais folclóricas e promessas de aprofundar o socialismo em caso de triunfo no pleito.
Com uma boina vermelha e roupa esportiva tricolor, Chávez liderou o primeiro ato público em massa desde abril, lembrando que neste domingo se completou um ano desde que entrou na sala de cirurgia pela primeira vez em sua luta contra o câncer.
‘Viemos de milagre em milagre. Em um dia como ontem me operavam pela primeira vez, e um ano depois estou aqui com vocês inscrevendo minha candidatura para 7 de outubro. Foi por milagre. Viemos de milagre em milagre e tenho certeza de que com a ajuda de Deus seguiremos vivendo e seguiremos vencendo’, disse.
Um mês depois de chegar à Venezuela após completar a radioterapia em Cuba, Chávez pronunciou um discurso inflamado durante quase três horas após assinar perante o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a ata que lhe confere a condição de candidato nas eleições de 7 de outubro, nas quais terá como principal adversário o opositor Henrique Capriles.
Chávez começou com agradecimentos a Jesus Cristo – por ‘estar aqui hoje’ – e a seu ‘povo lindo, bom e amado por tantas orações, por tantas preces neste último ano’.
Operado em três ocasiões durante os últimos 12 meses por conta de um câncer na região pélvica, expressou que foi ‘um ano difícil’, no qual a Venezuela enfrentou, além disso, a ‘guerra psicológica do adversário’, em alusão aos rumores sobre sua saúde.
Depois, Chávez explicou seu programa político e assinalou cinco objetivos principais: independência, continuação do processo socialista, constituição da Venezuela em uma potência e contribuição à paz mundial.
E ‘contribuir de maneira mais firme, assim o digo, com a salvação da vida neste planeta e a sobrevivência da espécie humana na Terra, que está sendo ameaçada’, indicou ao descrever o quinto ponto.
‘Somos um povo invencível e eu tenho certeza que seguiremos invencíveis, porque em 7 de outubro vamos obter uma nova grande vitória popular, bolivariana, socialista, patriótica e revolucionária’, afirmou.
Com as pesquisas lhe conferindo uma vantagem sobre seu oponente de entre cinco e 36 pontos, Chávez pediu que seus seguidores não deem o confronto por vencido e trabalhem pela ‘verdadeira unidade de todo o povo’.
Um dia depois de Capriles ter formalizado sua postulação em outro grande ato, no qual dedicou apenas alguns minutos a um discurso, Chávez carregou contra ele e seus adversários.
Os acusou de ‘bonecos de pano’ e ‘lacaios’ a serviço do colonialismo e dos Estados Unidos, mas prometeu reconhecer os resultados das eleições mesmo em caso de derrota.
‘Serei o primeiro a reconhecer os resultados das eleições de 7 de outubro, que serão processadas pelo CNE. Tomara que a burguesia faça o mesmo, mas sua atitude é muito suspeita’, assinalou.
Chávez voltou a prometer que ‘cada agressão da burguesia venezuelana’ será respondida com ‘mais aprofundamento’ da revolução socialista, e disse que a oposição tem um projeto, mas ele não é ‘apresentável ao povo e tentam disfarçar isso de maneira muito grosseira’.
O líder venezuelano também não deixou de citar a crise econômica europeia, em uma forma de tentar cativar a classe média de seu país.
‘Se a classe média tem algo a temer é o capitalismo. Se não, vão à Europa para ver, ou aqui mesmo aos Estados Unidos’, expressou.
Nesse sentido, afirmou que seu projeto dará sequência à construção do socialismo ‘para transcender o selvagem e depredador sistema capitalista que ainda impera em nosso país’.
‘Venceremos em 7 de outubro por nocaute. Dez milhões de votos ‘pelo bucho’ para que respeitem o povo’, projetou. EFE