Carola Solé.
Caracas, 2 jun (EFE).- Sorridente e caminhando, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, apareceu neste sábado em público pela primeira vez desde que retornou de Cuba em 11 de maio após terminar um ciclo de radioterapia, mas apenas fez um discurso sem permitir perguntas da imprensa e evitando comentar sobre seu estado de saúde.
O ato público de Chávez, que faz tratamento contra um câncer, ocorreu por ocasião de uma reunião com o vice-primeiro-ministro bielorrusso, Vladimir Semashko, a portas fechadas no palácio presidencial de Miraflores.
Vestido informalmente com camiseta vermelha e camisa azul, Chávez caminhou sem dificuldades ao lado de Semashko e fez brincadeiras sobre o quão perto podia ver os jornalistas. ‘Obrigado por este obséquio, será muito bom para a campanha’, brincou o líder, enquanto os observava pelos binóculos.
A última vez em que Chávez se apresentou publicamente foi no dia 13 de abril, quando anunciou que não iria à Cúpula das Américas deste ano para seguir com seu tratamento de radioterapia em Havana e quando lembrou no Balcão do Povo – sacada do palácio presidencial – o fracassado golpe de Estado que o derrubou brevemente em abril de 2002.
Desde sua volta da ilha, só tinha sido visto liderando dois conselhos de ministros, além de ter sido ouvido em alguns discursos proferidos por telefone à televisão estatal.
Ao evento público deste sábado, que o próprio pessoal do Miraflores reconheceu ter sido uma decisão ‘de última hora’, só estiveram presentes os meios de comunicação estatais e a imprensa internacional, mas ninguém pôde fazer perguntas ou ter acesso à reunião, como vinha sendo habitual.
O evento começou quase ao mesmo tempo que a tão esperada partida entre Uruguai e Venezuela pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014. ‘Marquem bem o Forlán’, dizia Chávez entre risos, referindo-se ao atacante uruguaio Diego Forlán, e isso após perguntar várias vezes se a seleção venezuelana já tinha marcado algum gol – o jogo terminou empatado em 1 a 1, e o gol dos uruguaios foi de Forlán.
Embora o discurso de Chávez tenha durado cerca de meia hora, o líder não comentou os cada vez mais numerosos boatos que indicam uma piora de seu estado de saúde.
Os rumores aumentaram, e alguns dizem que o presidente tem sérias dificuldades para caminhar por causa da radioterapia, e inclusive cadeira de rodas. Nesta sexta-feira, o jornal espanhol ‘ABC’, citando relatórios de inteligência, indicou que o câncer de Chávez avança cada vez mais e ele estaria tomando um poderoso analgésico contra as dores do tratamento.
Chávez não fez alusões a seu estado de saúde nem revelou ainda quando formalizará sua inscrição para as eleições presidenciais de outubro, embora já tenha dito que o fará nos próximos dias, antes do fim do prazo, que é no próximo dia 11.
O presidente, que acumula 13 anos no poder e buscará sua terceira reeleição consecutiva, espera derrotar nas urnas em outubro o candidato único da oposição, o governador do estado Miranda, Henrique Capriles. EFE