O presidente venezuelano Hugo Chávez decretou feriado nos cinco dias da Semana Santa, como forma de poupar energia no país que já convive com racionamentos, em meio a uma severa crise no setor. No país de maioria católica, são feriados oficiais, por lei, apenas a quinta e a sexta-feira.
“Está chegando a Semana Santa. Decretamos feriado na segunda, na terça e na quarta. Toda a Semana Santa será feriado”, enfatizou o presidente, durante ato transmitido pela televisão oficial VTV. “O objetivo fundamental não é afrouxar, mas poupar o consumo de energia.”
Esta medida é a mais radical adotada pelo governo desde que Caracas declarou estado de emergência elétrica, no início de fevereiro. O país passa por uma severa crise no setor, atribuída pelo governo ao elevado consumo e à falta de chuva no país. No entanto, os críticos do Executivo denunciam a falta de investimentos por parte do governo e sua ineficácia.
Críticas – O vice-presidente Elías Jaua afirmou, horas depois do anúncio, que a população poderá aproveitar o feriado mais do que prolongado, já que estão de fora do decreto as empresas de telecomunicações, supermercados, hospitais, farmácias, meios de comunicação, bancos, hotéis, áreas de lazer, além das empresas de serviço e transporte público.
A medida foi muito criticada pelos empresários. O presidente da Fedecámaras, Noel Alvarez, chamou a decisão de “populista e pouco efetiva” para a economia de energia. “O maior consumo de eletricidade é registrado justamente nas casas e se, durante os três dias de feriado mais pessoas estiverem em casa, o efeito pode ser contrário ao que espera o governo. Todos os cidadãos estão pagando com grandes sacrifícios pela ineficiência do governo, que não soube gerenciar nem investir os recursos necessários”, destacou.
Corte de energia – Nesta semana, a administração Chávez suspendeu por 24 horas o fornecimento de eletricidade a 96 empresas e estabelecimentos comerciais que não reduziram seu consumo em 20%, como o estabelecido por um decreto de fevereiro. Além das medidas de poupança fixadas para os “altos consumidores” industriais, o governo exigiu dos usuários particulares a redução de, pelo menos, 10% o consumo, estabelecendo multas para os que não cumprirem o objetivo.
Segundo dados oficiais, o nível da represa do Guri (sul), responsável por mais de 70% da eletricidade do país, aproxima-se da sua “zona de emergência”.
(Com agência France-Presse)