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Chanceler israelense convoca sobrevivente para mandar novo recado a Lula

No vídeo publicado nas redes, brasileira Rafaela Triestman conta que estava com o namorado, Ranani Glaze, quando Hamas invadiu a rave Universo Paralello

Por Paula Freitas Atualizado em 21 fev 2024, 17h06 - Publicado em 21 fev 2024, 15h20

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, mandou um novo recado nesta quarta-feira, 21, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no mais recente episódio da crise diplomática provocada por um polêmico comentário feito pelo petista. No domingo, 18, o líder brasileiro comparou o “genocídio” na Faixa de Gaza com o Holocausto cometido pelo regime nazista de Adolf Hitler, no qual 6 milhões de judeus foram mortos.

Para a reprimenda desta quarta-feira, o chanceler convidou uma sobrevivente brasileira da rave Universo Paralello, onde 260 pessoas foram mortas por combatentes do grupo palestino Hamas em 7 de outubro. No vídeo de oito minutos, Rafaela Triestman relata que estava com o namorado, Ranani Glaze, quando os militantes invadiram o evento. Ele foi “brutalmente assassinado”, escreveu Katz.

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‘Maior trauma da minha vida’

Triestman, que mora em Israel há três anos, disse que viu mísseis no céu no dia, mas que não ficou tão preocupada porque seria parte da rotina no país. Mas, conforme o receio aumentava no local, decidiu ir embora. Depois de pegar as bolsas onde estavam as barracas, andou em direção a uma cidade ao sul com Glaze e Rafael — ela não informou o grau de relacionamento ou o sobrenome do rapaz — até chegarem a um apertado bunker de estrada, onde pensaram que estavam em segurança.

“Nós começamos a ouvir tiros do lado de fora do bunker. Esses tiros vinham do grupo terrorista Hamas, que estavam [sic] fazendo um ataque em Israel no mesmo dia. Nós não tínhamos noção das proporções do que estava acontecendo, estávamos apenas vivendo aquele momento”, relembrou.

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“O Hamas chegou até o nosso bunker, eles atiraram bombas de gás, granadas, entraram no bunker e atiraram em todo mundo que estava vivo e em todo mundo que se mexia”, continuou. “Eles jogaram coquetéis molotov, eles fizeram uma fogueira no lugar da porta, onde queimaram pessoas vivas, sequestraram um menino que estava do meu lado, sequestraram uma outra menina que estava do meu lado, onde os terroristas a estupraram e depois queimaram ela [sic] viva.”

+ O duro ataque do chanceler israelense a Lula: ‘Cuspiu no rosto dos judeus’

Morte do namorado

Em seguida, ela disse que o dia “foi o maior trauma” da sua vida, já que foi quando perdeu “a pessoa que mais amava nesse planeta”, Ranani. A brasileira contou que rezou para Deus levá-la “o quanto mais rápido, porque ficar sem ar por cinco horas dentro de um lugar extremamente apertado é muito difícil”, em meio a “gritos e risadas”.

“Isso não é um grupo de defesa, isso é um grupo de terrorismo. Depois de todo o trauma, depois de toda a situação. Nós éramos 40. Dentro dos 40, apenas 10 saíram vivos, mais outros dois meninos que estavam do lado de fora”, contrapôs.

Além disso, Triestman afirmou que Israel ofereceu ajuda psicológica e psiquiátrica para lidar com o ocorrido. Ela sobreviveu após ter ficado escondida por baixo de corpos. Ao final da gravação, a vítima confronta o governo brasileiro pelas recentes declarações. Katz permanece calado em todo o relato.

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“Me entristece muito saber que o país onde eu nasci, o país onde eu chamo de casa se encontra nessa situação. Numa situação que o governo compara as atitudes de Israel com o Holocausto, onde Israel, que dá oportunidade para tantos árabes e quantas pessoas que moram em Gaza trabalhar, a estudar, a viverem aqui em paz com o povo judeu, com o povo israelense”, acrescentou.

Em novembro do ano passado, um mês após o início da guerra, Israel deportou milhares de trabalhadores palestinos que atuavam no país para a Faixa de Gaza. Antes, 18 mil licenças que permitiam aos moradores de Gaza cruzar a fronteira para Israel e a Cisjordânia à procura de empregos em setores como como construção e agricultura, com salários baixos.

+ Governo Lula chama de volta embaixador do Brasil em Israel

Na véspera, Katz já havia aumentado o tom contra o petista em outra publicação no X. Ele descreveu a declaração de Lula como “promíscua, delirante”, e disse que “milhares de judeus” estavam a espera de um pedido de desculpas e que, até lá, “continuará sendo persona non grata em Israel”. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, devolveu: disse que os comentários de Katz foram “inaceitáveis”, “mentirosos” e “vergonhosos para a história diplomática de Israel”.

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