Chancelaria britânica se desculpa por lei preconceituosa contra LGBT+
Diante de visão 'equivocada', chefe do serviço diplomático reconheceu que Reino Unido perdeu 'alguns de seus talentos mais brilhantes'
O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido divulgou nesta segunda-feira, 5, um pedido de desculpas por causa de uma lei que esteve em vigor no país até 1991 e que proibia pessoas LGBT+ de trabalhar para o serviço diplomático.
Em mensagem destinada aos funcionários da pasta, o subsecretário permanente de Assuntos Exteriores e chefe do serviço diplomático britânico, Philip Barton, explicou que a lei se baseava na crença de que as pessoas LGBT+ eram “mais suscetíveis” à chantagem, o que representaria “um risco para a segurança”.
Temores ligados à segurança foram impulsionados por escândalos de espionagem, como o caso de John Vassall, um funcionário da embaixada britânica em Moscou que era gay. Chantageado a passar informações para a KGB, ele foi preso por 18 anos, em 1962.
Diante dessa visão que classificou como “equivocada”, Barton reconheceu que carreiras de funcionários da minoria “acabaram, foram interrompidas ou encerradas antes mesmo de que pudessem começar”, o que fez com que o Reino Unido perdesse “alguns de seus talentos mais brilhantes”.
“Quero me desculpar publicamente pela proibição e pelo impacto que houve em nossos funcionários LGBT+ e familiares queridos, tanto aqui no Reino Unido, quanto no exterior”, afirmou.
Barton garantiu que o Ministério de Relações Exteriores fez um “grande progresso” nos últimos 30 anos, desde que derrubou a lei discriminatória, se convertendo em um empregador “orgulhoso e inclusivo” de pessoas LGBT+.
Já o chanceler britânico, Dominic Raab, agradeceu pela contribuição de todos os diplomatas LGBT+ do Reino Unido, “no passado e no presente”, por promoverem os valores do país em todo o mundo.
A pasta anunciou que dará o nome de uma sala no departamento ao ex-funcionário Graeme Watkins, fundador de um coletivo de funcionários LGBT+. Watkins começou a trabalhar na Chancelaria em 1979, quando pessoas abertamente gays ainda eram impedidas de trabalhar como diplomatas, o que fez xom que tivesse que esconder sua sexualidade no ambiente de trabalho até 1991.
O pedido institucional de desculpas foi feito horas antes de o Reino Unido ser anfitrião, junto com a Argentina, da cúpula da Coalizão pela Igualdade de Direitos.
A conferência, que acontecerá entre terça e quarta-feira, reunirá um total de 42 países, com representantes de organizações internacionais, como Nações Unidas e Banco Mundial, para buscar uma estratégia de cooperação internacional em matéria de direitos do coletivo LGBT+.