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CEO da Sinovac pagou suborno para aprovação de vacinas no passado

Investigação conduzida na China mostra que Yin Weidong admitiu ter pago ao órgão responsável pela aprovação dos insumos entre 2002 e 2011

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 dez 2020, 14h01 - Publicado em 4 dez 2020, 13h29

O CEO da Sinovac Biotech, uma das gigantes farmacêuticas que já estão em estado avançado da produção de uma vacina contra a Covid-19, esteve envolvido em um escândalo de corrupção e pagamento de propina para a liberação de seus imunizantes na China entre 2002 e 2011.

De acordo com informações do jornal americano The Washington Post, Yin Weidong, então gerente-geral da farmacêutica, teria repassado 83.000 dólares como forma de suborno para o diretor do órgão responsável pela liberação de insumos farmacêuticos. Com isso, a aprovação de medicamentos da empresa foi facilitada pelo governo durante esse período.

O caso já havia sido divulgado no passado, mas muitos detalhes não foram publicados por causa da censura imposta pelo governo chinês aos meios de comunicação do país.

Em uma audiência em 2016, Yin admitiu ter feito o pagamento a Yin Hongzhang, responsável pela Administração Nacional de Produtos Médicos (NMPA, na sigla em inglês). Em seu depoimento, o CEO disse que não poderia recusar os pedidos de dinheiro feito pelo oficial regulador.

Yin Hongzhang também confessou ter expedido os certificados para a vacina após receber o valor. O chefe da NMPA foi sentenciado em 2017 a 10 anos de prisão por aceitar suborno da Sinovac e de outras farmacêuticas em troca da liberação dos insumos.

Yin Weidong, porém, nunca foi processado, e nenhuma acusação criminal formal foi feita contra as empresas envolvidas no escândalo. A própria Sinovac reconheceu o caso envolvendo seu CEO e afirmou que cooperou as investigações.

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Em um relatório anual, divulgado em abril deste ano, a empresa disse que Yin Weidong “não foi acusado de nenhum crime ou conduta imprópria e que ele cooperou como testemunha com a Procuradoria. Pelo que sabemos, as autoridades chinesas não iniciaram nenhum processo legal ou inquérito do governo contra o Sr. Yin”.

Em 2017, a farmacêutica afirmou que havia iniciado uma investigação interna sobre o caso de corrupção, mas os resultados da apuração ainda não foram divulgados.

O período em que os crimes aconteceram corresponde com o momento de expansão da Sinovac na China. A empresa com sede em Pequim foi criada em 2001 e, desde então, esteve envolvida na criação, produção e comercialização de diversas vacinas contra as mais variadas doenças infecciosas, incluindo a Hepatite A e B e caxumba.

A farmacêutica ainda se tornou uma das empresas de maior prestígio no ramo depois que foi escolhida pelo governo chinês para o fornecimento das vacinas contra a SARS, gripe aviária e gripe suína.

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Casos de corrupção na indústria farmacêutica da China não são novidade. Entre 1990 e 2000, mudanças na legislação para a aprovação de vacinas abriram brechas para que muitas empresas se envolvessem em escândalos.

Coronavac

A Sinovac desenvolve uma vacina contra a Covid-19 em parceria com o Instituto Butantã. Os estudos estão atualmente na fase 3 e resultados são esperados até 15 de dezembro.

O governo de São Paulo assinou acordo com a biofarmacêutica para fornecimento de 46 milhões de doses da CoronaVac até dezembro de 2020. O estado já recebeu 120.000 doses do imunizante em novembro. Nesta quinta-feira 3, chegaram mais 600 litros da vacina a granel, cujos insumos serão utilizados para a produção de 1 milhão de doses pelo Butantã a partir da próxima semana.

O governador João Doria afirmou que pretende começar a imunização da população em janeiro. A liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), porém, é necessária para o início da aplicação.

Nesta quinta, Doria voltou a dizer que, caso a CoronaVac não seja incluída em um plano nacional de imunização, ela será aplicada na população paulista.

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Se aprovada, essa não será a primeira vez que a gigante chinesa comercializa vacinas para o Brasil. Em 2010, durante a epidemia da H1N1 (gripe suína) a Sinovac vendeu diversos lotes ao governo brasileiro de seu imunizante. 

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