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Centenas de jornalistas protestam contra censura no Egito

Editores de jornais se comprometeram a não criticar o governo para “proteger a união” do país. Repórteres alegam que a medida beneficia o terrorismo

Por Da Redação
4 nov 2014, 06h19
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  • Uma petição online assinada por 350 jornalistas egípcios foi lançada nesta semana para expressar o descontentamento dos repórteres com a tentativa do governo de censurar a imprensa. No último mês, os editores dos principais jornais do país haviam se comprometido a não veicular nenhuma reportagem que criticasse a administração do presidente Abdel Fattah Sisi, um ex-marechal do Exército que assumiu o poder após a deposição de seu antecessor, Mohamed Mursi. Os editores justificaram que a medida seria uma forma de “proteger a união” do país, enquanto os jornalistas alegaram que o silencia da imprensa beneficiará exclusivamente o terrorismo.

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    A autocensura promovida por editores de dezessete jornais privados e públicos foi anunciada após um atentado na Península do Sinai matar 31 soldados egípcios. Eles justificaram a decisão dizendo que rejeitavam “as tentativas de levantar dúvidas com relação a instituições estatais ou insultar o Exército, a polícia, ou o judiciário, de forma a refletir negativamente o trabalho destas instituições”. O comunicado, em outras palavras, apenas oficializou a censura que já vinha sendo praticada desde a deposição de Mursi pelos militares. Um sentimento público de nacionalismo exacerbado e a forte repressão imposta pelas autoridades virtualmente silenciaram as vozes da oposição secular e islâmica.

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    O manifesto emitido pelos jornalistas é, inclusive, uma rara manifestação de descontentamento num país que proibiu sua população de se manifestar publicamente sem a autorização de órgãos do governo. Para os repórteres, o comunicado dos editores “não distingue a luta contra o terrorismo do início de um novo fascismo”. Eles alegam que a imprensa foi “o escudo popular” contra a corrupção e a tirania dos governos de Mursi e do ex-ditador Hosni Mubarak. Sacrificá-la seria uma forma de fortalecer as forças terroristas que agem no Egito. “Os terroristas vencerão quando tiverem controle sobre a mídia, e o Estado falhará quando concordar com este objetivo. Confrontar o terrorismo é um dever e uma honra, e isso não tem nada a ver com a nacionalização da imprensa ou o abandono voluntário da liberdade de expressão”, afirmaram os jornalistas.

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    Ao jornal The New York Times, o jornalista Khaled el-Balshy, que ajudou a redigir a petição, declarou que ela surgiu após uma reunião informal de pessoas assustadas com a gradativa perda de liberdades no país. “Eu fui a um encontro de jornalistas com o ministério do Interior, no qual ele sugeriu que a imprensa deveria parar de criticar o ministério da Saúde e qualquer outro ministério. Isso mostra a atitude do governo diante da liberdade de imprensa”, destacou. El-Balshy afirmou que os jornalistas planejam criar uma associação profissional para advogar a favor da liberdade de expressão no país. Embora seja membro do sindicato dos jornalistas, el-Balshy disse que organizou o movimento por conta própria porque os sindicalistas se mostraram favoráveis à censura do governo.

    Além dos jornais, redes de televisão privadas do Egito também apoiaram as limitações impostas pelo governo. “Liberdade de expressão não pode ser uma justificativa para questionar a moral do Exército egípcio”, disse a rede Al Nahar, por meio de um comunicado. A companhia sugeriu que temas como a “liberdade, democracia e direitos humanos”, podem ser “usados com a proposta de enganar e justificar os posicionamentos daqueles que tentam ameaçar a segurança nacional”. Todos os comunicados estão ligados à onda de violência que se espalhou pela Península do Sinai desde a deposição de Mursi. Em represália à derrubada do presidente islâmico, terroristas fundamentalistas têm promovido uma série de atentados contra as forças de segurança que patrulham a região. Centenas já foram mortos.

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