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Catalunha terá eleições em janeiro, dizem socialistas

Integrante do PSOE afirma que partido e governo espanhol firmaram pacto para a realização de novo pleito

Por Gustavo Silva Atualizado em 20 out 2017, 18h20 - Publicado em 20 out 2017, 16h52

Carmen Calvo, uma das principais lideranças do Partido Socialista (PSOE), legenda que forma uma dura oposição à campanha separatista catalã, anunciou nesta sexta-feira que a sigla e o governo da Espanha chegaram a um acordo para a realização de eleições regionais na Catalunha em janeiro de 2018. A informação, divulgada pela socialista em entrevista à rede espanhola TV1, não foi confirmada nem desmentida pelo premiê Mariano Rajoy, que, em Bruxelas, participou de um encontro com chefes de Governo da União Europeia.

“É prematuro falar sobre datas de eleições, embora uma vez restaurada a ordem legal, elas sejam necessárias”, disse hoje Iñigo Méndez de Vigo, porta-voz do governo espanhol, que não desmentiu o acordo e a data anunciados por Calvo. De Bruxelas, Rajoy limitou-se a dizer que “todas as medidas serão divulgadas neste sábado”, quando será realizada uma sessão extraordinária do conselho de ministros para decidir sobre a aplicação do artigo 155 da Constituição, que dá poderes a Madri de intervir na Catalunha e suspender a autonomia da região.

Fontes do governo espanhol ouvidas pelo jornal El Mundo negaram que o Executivo tenha definido datas para a realização de eleições na Catalunha. Um integrante do PP, partido de Rajoy, afirmou que, na melhor das hipóteses, um novo pleito ocorreria em “seis meses”. A jornalistas, Vigo disse que apenas quando as medidas do artigo 155 forem definidas para “restaurar a legalidade do governo em exercício, garantir a neutralidade das instituições catalãs, garantir os serviços públicos essenciais, recuperar a economia e preservar os direitos dos catalães”, Madri elaboraria um calendário eleitoral para a Catalunha.

Em coletiva de imprensa, Rajoy responsabilizou o governo catalão pela crise e pela aplicação do artigo 155. Barcelona, segundo o premiê espanhol, “não me deixou alternativas para nada mais” e não há mais tempo para repensar a revogação da autonomia da Catalunha, pois “as medidas serão aprovadas amanhã”. “Não pode haver um território onde o governo não seja capaz de impor a lei, porque, dessa forma, não é possível pedir aos cidadãos que façam o mesmo”, disse Rajoy, em referência à recusa do líder catalão Carles Puigdemont em esclarecer se declarou ou não a independência da região noroeste do país.

Em mais de quarenta anos do período democrático na Espanha, o artigo 155 nunca foi aplicado. Uma porta-voz do Senado espanhol disse que uma comissão criada para debater as medidas provavelmente se reunirá no dia 23 de outubro. O passo seguinte seria convidar Puigdemont para se manifestar diante da Casa, que votaria sobre a efetivação das medidas no fim do mês. A probabilidade de Rajoy voltar atrás com a decisão é pequena, mas a opção ainda segue na mesa caso o governo catalão resolva, por iniciativa própria, convocar novas eleições regionais.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, descartou qualquer possibilidade de intervenção da União Europeia na disputa entre a Espanha e a Catalunha, situação que considera “preocupante”. “Não é espaço para nenhum tipo de mediação, iniciativa internacional ou ação”, disse o político polonês. A questão da independência catalã não foi discutida entre os chefes de Governo durante o encontro em Bruxelas nesta sexta-feira.

(Com EFE e Reuters)

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