Casal de ciganos búlgaros afirma que criança loira encontrada na Grécia é sua filha
Família que afirma ter doado menina por falta de condições tem outras crianças que apresentam semelhanças com "Maria"
A polícia búlgara interrogou nesta quinta-feira um casal de ciganos que afirma que a menina loira encontrada na semana passada em um acampamento na Grécia é sua filha, informou a televisão estatal BNT, e que ela foi “doada” para os ciganos gregos que detinham sua custódia.
O casal, identificado como Atanas e Sasha Rusevi, moradores do povoado de Nikolaevo, na região central da Bulgária, tem entre oito e dez crianças – a TV estatal não soube confirmar o número exato. Várias são loiras e de pele clara e apresentam semelhanças com a menina encontrada na Grécia, que foi apelidada de “Maria” pela polícia e pela imprensa grega.
“Maria” tem entre quatro e sete anos — as autoridades não souberam precisar a idade correta pois os documentos da garota não são confiáveis — e foi encontrada pela polícia durante uma batida em um acampamento na região de Farsala, no leste da Grécia, no dia 16 de outubro. Quando viram a menina, os policiais estranharam o fato de ela não ser parecida com o casal que detinha sua custódia.
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Posteriormente, exames de DNA mostraram que ela não tinha parentesco com o casal Christos Salis e Eleftheria Dimopoulou. Os dois contaram diferentes versões para explicar a presença da menina e acabaram sendo detidos. Por fim, eles afirmaram que a menina teria sido entregue por uma família de ciganos búlgaros, que não tinha condições de criá-la.
Em declarações à imprensa búlgara, vizinhos da família Rusevi, afirmaram que há anos os Rusevi vivem viajando para a Grécia. Um filho de 15 anos do casal disse à agência BGNES que sua mãe lhe contou que quando esteve na Grécia há alguns anos não tinha dinheiro para voltar e, por isso, decidiu deixar a filha no país com outro casal de ciganos. Sasha Rusevi, suposta mãe de Maria, contou a mesma história para a agência. “Nós demos a menina. Não recebi dinheiro, eu a deixei porque não tinha com que alimentá-la. Não sei se é a minha filha, parece a minha, mas como posso saber?”
Apesar das declarações dos membros da família Rusevi, de que a menina foi simplesmente entregue, um vizinho contou para jornalistas que Sasha recebeu 250 euros (cerca de 750 reais) para vender a menina para o casal de ciganos gregos. Durante as investigações, a polícia grega descobriu que o casal de ciganos gregos havia registrado catorze crianças em três cidades gregas. Só quatro dessas crianças tiveram a existência comprovada. De acordo com a polícia, a fraude permitiu que o casal recebesse 2.500 euros (cerca de 7.500 reais) por mês da assistência social do país.
Logo após o desdobramento do caso, o Ministério Público búlgaro anunciou que abriu uma investigação para apurar se “Maria” foi mesmo vendida pela família Rusevi. “A investigação foi aberta após uma verificação relacionada com a descoberta de uma criança do sexo feminino de nome Maria na Grécia’, declarou uma porta-voz da promotoria, que disse ainda que o órgão já realizou um pedido de teste de DNA e interrogou testemunhas do caso.