O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron, terá de prestar esclarecimentos na investigação das escutas ilegais praticadas pelo tabloide News of the World para explicar sua relação com o dono do jornal, o magnata da imprensa Rupert Murdoch, informou nesta terça-feira o jornal The Times. Segundo uma fonte anônima consultada pelo jornal, o juiz Brian Leveson, responsável pela investigação, quer convocar Cameron depois de maio para detalhar seus vínculos com Murdoch e os executivos da News International, conglomerado midiático ao qual pertencia o tabloide.
Entenda o caso
- • O tabloide News of the World recorria a detetives e escutas telefônicas em busca de notícias exclusivas – entre as vítimas estão celebridades, políticos, membros da família real e até parentes de soldados mortos.
- • Policiais da Scotland Yard também teriam sido subornados para fornecer informações em primeira mão aos jornalistas.
- • O escândalo forçou o fechamento do jornal sensacionalista, que circulou por 168 anos e era um dos veículos do grupo News Corp., do magnata Rupert Murdoch.
- • Agora, a polícia investiga uso de grampos ilegais em outros jornais britânicos.
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Segundo o The Times, Leveson está 99,9% certo de convocar o primeiro-ministro para que preste declaração sob juramento sobre suas reuniões com executivos e diretores. O magistrado também pode chamar o ex-primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown e o atual líder trabalhista Ed Miliband, que deverão responder as perguntas na seção da investigação dedicada à relação entre a imprensa e os políticos.
“Não vejo como alguém pode avaliar a relação entre a imprensa e os políticos sem falar com os políticos importantes, inclusive o primeiro-ministro, o primeiro-ministro anterior (Brown) e o atual líder da oposição (Miliband)”, disse ao jornal uma fonte próxima à investigação. Leveson preside a investigação, aberta no ano passado, sobre as escutas ilegais do News of the World. O extinto tabloide dominical foi o centro de um escândalo ao revelar que grampeou celulares de personalidades famosas para obter informações exclusivas.
Cameron já depôs no caso das escutas ilegais em julho de 2011, quando assumiu totalmente a responsabilidade por ter contratado Andy Coulson, diretor do jornal acusado de aprovar os grampos, como seu assessor de comunicação. Na ocasião, o premiê adotou uma postura mais agressiva ao afirmar que a oposição também tem culpa do escândalo, uma vez que, segundo ele, ambos os partidos “exageraram nos encontros com a imprensa” e deixaram de lado os esforços para uma maior regulação do setor de comunicações.
(Com agência EFE)