Camboja ouve denúncias contra chefes do Khmer Vermelho
O objetivo é explicar o que motivou a morte de 2 mi de pessoas há três décadas
O emblemático processo de três altos dirigentes do regime Khmer Vermelho no Camboja teve início nesta segunda-feira em Phnom Penh e representa a última oportunidade para as vítimas de compreender, mais de três décadas depois, o que motivou a morte de milhares de pessoas. Mais de 1,7 milhão de cambojanos, ou um de cada cinco habitantes, morreu sob o regime de terror estabelecido por Pol Pot e seus correligionários no Camboja entre 1975 e 1979.
O juiz Nil Nonn declarou os debates abertos no julgamento do ideólogo do regime, Nuon Chea, do ex-ministro das Relações Exteriores Ieng Sary e do presidente da “Kampuchea democrática”, Khieu Samphan. Os três principais dirigentes do regime marxista totalitário de Pol Pot ainda vivos são acusados de genocídio, crimes contra a humanidade e de guerra, assassinato, tortura e perseguição por razões religiosas e de raça contra a minoria muçulmana cham, a população vietnamita e o monacato. A decisão definitiva deve ser anunciada em 15 dias.
“A abertura deste processo é um momento que representa um marco para o tribunal e para o Camboja”, declarou no domingo Clair Duffy, observadora da corte para a organização Open Society Justice Initiative. O processo não terá a presença da ex-ministra de Assuntos Sociais Ieng Thirith, que sofre de demência e que os juízes consideraram inapta para ser julgada. Os juízes determinaram na semana passada a libertação de Thirith, mas os promotores apelaram da decisão.
As esperanças de um pedido de desculpas de milhares de cambojanos podem ser em vão, já que os três idosos negam todas as acusações. Apenas Khieu Samphan disse que pretendia cooperar com o processo, enquanto Nuon Chea se retirou de uma audiência em junho e Ieng Sary anunciou mês passado que não pretendia prestar depoimento.
(Com agência France-Presse)