Um estudo da universidade London School of Economics, publicado nesta quarta-feira, 23, revela que o custo de um Brexit sem acordo para a economia do Reino Unido pode ser de duas a três vezes pior do que o impacto da pandemia de coronavírus.
A análise feita pelo Departamento de Economia da universidade, em parceria com a iniciativa UK in a Changing Europe (Reino Unido em uma Europa em Mudança), sugere que um Brexit sem acordo comercial com a União Europeia causará perdas equivalentes a 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país a longo prazo.
O valor, semelhante à previsão do próprio governo em 2018 de 7,6%, corresponde a 160 bilhões de libras na cotação atual (mais de 1 trilhão de reais), ou 2.400 libras (17.000 reais) por habitante.
Enquanto isso, a última previsão do Banco da Inglaterra sobre o impacto da Covid-19 mostra uma redução de 1,7% do PIB britânico até 2022. Isso equivale a 40 bilhões de libras (282 bilhões de reais), ou 600 libras (4.200 reais) por pessoa.
De acordo com o estudo, o Brexit “provavelmente será mais significativo a longo prazo”, afetando negativamente a produção econômica do país ao longo dos próximos 20 anos. Já no curto prazo, é “quase certo” que “os impactos econômicos da Covid-19 superem os do Brexit”.
“A Covid-19 reduziu drasticamente a produção na primeira metade de 2020. No entanto, espera-se que a economia se recupere rapidamente nos próximos dezoito meses e a pandemia provavelmente terá poucos efeitos de longo prazo, caso haja, no PIB”, analisa da London School of Economics. “Em contraste, os efeitos do Brexit sobre o PIB deverão surgir lentamente, mas serão permanentes”, completa.
O estudo ressalta que os danos a longo prazo incluem a deterioração da reputação do país em relação aos negócios, com atrasos devido a encargos administrativos nos portos, restrições às viagens e turismo, à imigração e livre circulação de mão-de-obra.
Segundo o jornal britânico The Guardian, isso se soma ao impacto a novas tarifas como 10% sobre a importação de carros e 50% sobre as de queijo cheddar, impostas por pelo menos um ano até que o Reino Unido fizesse seus próprios acordos tarifários com parceiros comerciais, incluindo a União Europeia.
Os autores do relatório afirmam que o risco é que “as empresas sediadas na União Europeia procurem evitar se expor aos fornecedores do Reino Unido e as multinacionais procurem minimizar o grau em que o comércio atravessa a nova fronteira”.
Eles acrescentam que o acordo em discussão é pouco ambicioso e “relativamente tênue”, o que leva à conclusão de que este não será o fim das discussões com o bloco econômico.