Breivik teria enganado psiquiatras em 2º exame de sanidade
Atirador foi considerado são e penalmente responsável por atentados em Oslo
A Comissão de Medicina Legista da Noruega acredita que o ultradireitista Anders Behring Breivik conseguiu enganar os psiquiatras responsáveis pelo segundo exame mental para que ele pudesse ser considerado penalmente responsável pelos atentados de 22 de julho, informou nesta quarta-feira a imprensa norueguesa.
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Entenda o caso
- • No dia 22 de julho de 2011, dois ataques coordenados espalham pânico pela capital norueguesa, Oslo, deixando 77 mortos.
- • No primeiro, um carro-bomba explodiu no distrito governamental atingindo a sede do governo e matando oito pessoas.
- • Pouco tempo depois, um homem invade a ilha de Utoya e atira a esmo contra um acampamento da juventude social-democrata, matando 69 pessoas.
- • O norueguês ultradireitista Anders Behring Breivik, de 32 anos, é preso e assume a autoria dos atentados.
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No julgamento do atirador em Oslo, o grupo de estudos possui duas conclusões opostas: a primeira, que Breivik é insano e sofre de esquizofrenia paranoica, e a segunda, mais recente, que ele não padece de alterações de personalidade e, portanto, é responsável pelos crimes. A conclusão do primeiro relatório provocou uma forte reação na Noruega e levou o tribunal a realizar outro estudo pelos psiquiatras Torgeir Tørrissen e Agnar Aspaas, que observaram Breivik por três semanas na prisão.
“O ponto de partida é que, como não foram observados sinais de psicoses nesse período, é pouco provável que seja psicótico. Mas, gostaria de discutir isso melhor, pois vi pacientes ocultarem os sintomas por mais de três semanas”, disse Karl Heinrik Melle, líder da comissão, em um depoimento retransmitido pelo canal NRK.
Isolamento – Para Melle, Breivik tem acesso desde dezembro aos meios de comunicação e, por isso, pode ter adequado suas respostas para conseguir um diagnóstico diferente. O líder da comissão legista acredita que a exposição da imprensa ao mesmo tempo em que ocorre o julgamento dificultou o trabalho da segunda equipe psiquiátrica e que o primeiro grupo, formado por Synne Sørheim e Torgeir Husby, contou com ‘um melhor ponto de partida’ ao observar Breivik, que estava em regime de isolamento quando foi avaliado na primeira vez. No entanto, esse aspecto foi ignorado pelos agentes que o observaram na prisão.
O líder da comissão argumentou que o fato de Breivik ter passado anos planejando os atentados mostra que isso ocupou toda a sua vida e sua compreensão da realidade, o que impediu uma convivência normal dentro da sociedade. Isso teria provocado uma ruptura com a realidade e, portanto, ele poderia ser considerado psicótico no sentido penal.
Credibilidade – Contudo, no julgamento, algumas respostas evasivas e confusas de Melle provocaram aborrecimento em um dos juízes, assim como em um dos representantes legais das vítimas, sobretudo porque até hoje não era conhecido qualquer desacordo interno entre os membros da comissão para reconhecer o primeiro relatório. Enquanto isso, Breivik lamentou a ‘falta de competência’ da comissão na hora de julgar a ideologia ultradireitista e insinuou que os especialistas foram vítimas de pressões.
Sørheim e Husby terão amanhã a oportunidade de explicar detalhadamente seu relatório perante o tribunal, enquanto Tørrissen e Aspaas falarão na sexta ou segunda-feira. As declarações serão fundamentais para determinar se a Promotoria vai dar uma pena de prisão para Breivik, no caso de ele ser considerado penalmente responsável pelos seus atos, ou sua entrada em um centro psiquiátrico, caso contrário. Breivik já afirmou perante o tribunal que prefere ser morto do que enviado a um hospício.
(Com agência EFE)