Brasileiro levou choque de Taser já algemado na Austrália
Policial diz que estudante estava chutando os policiais. Versão é contestada.
O segundo dia do inquérito sobre a morte do estudante brasileiro Roberto Laudisio Curti, de 21 anos, em Sydney, na Austrália, revelou na terça-feira que ele levou um tiro de Taser quando já estava algemado e controlado no chão por cinco policiais.
Durante perseguição, em 18 de março, Curti foi alvo de 14 tiros da arma de eletrochoque da polícia australiana. O psiquiatra Jonathan Phillips disse na audiência que Curti estava extremamente assustado com a polícia e incapaz de processar instruções por um efeito adverso do uso de LSD no início da noite em que foi morto pelos policiais. Para Phillips, o estudante vivia um estado de ‘inferno pessoal’.
Conhecido como Eric, o policial Chin Aun Lim, também depôs na terça-feira. Ele deu um tiro pelas costas que derrubou o brasileiro e então, um último disparo, que atingiu o peito do jovem. Este foi o alvo de maior controvérsia, visto que o brasileiro já estava completamente imobilizado.
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Eric alega que não sabia que Curti estava algemado, já que “as mãos dele estavam atrás do corpo”. O advogado da família acusou o policial de errar fatalmente: “Você não precisava dar o segundo tiro, precisava?” Eric foi treinado para usar Taser quatro semanas antes da ação. Ele disse que teve a impressão que os outros cinco policiais não tinham o controle da situação e que poderiam ser vencidos pelo jovem de 21 anos.
Acusação – Segundo informou nesta quarta-feira o jornal The Sydney Morning Herald, Eric disse ter disparado contra Curti porque ele estava chutando e machucando os policiais. No entanto, o advogado da família do estudante, Peter Hamill, mostrou um vídeo como prova de que o jovem estava algemado e com um policial ajoelhado sobre seu abdômen. Ele aparece estar em extrema dor e tenta se virar, mas não consegue.
Hamill sugeriu que Eric inventou a informação para justificar o último disparo. “É assim que você o justifica e não como se lembra?”, perguntou o advogado. Eric respondeu que ‘não’, sem dar maiores explicações além de dizer que não se lembrava de tudo que aconteceu naquela noite.
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Tortura – Assim que Eric terminou seu depoimento, a médica legista estadual Mary Jerram disse: ‘algumas testemunhas acham que os médicos legistas são idiotas’, informou o jornal australiano. Para Domingos Laudisio, tio do estudante, “o que aconteceu foi um caso evidente de tortura”.
O cônsul brasileiro na cidade de Sydney, André Costa, mostrou-se surpreso com a polícia australiana, mas disse que o governo brasileiro “está satisfeito com o andamento do inquérito”.
Policiais envolvidos na morte de Curti começaram a depor na segunda-feira “sob exceção” – nada do que dizem pode ser usado contra eles. O supervisor da polícia local no momento da perseguição, sargento Craig Partridge, repetiu pelo rádio que teria havido um “roubo a mão armada”. Ele via a ação por câmeras. Mesmo sendo corrigido três vezes, o sargento prosseguiu e não alertou ninguém. “Estava cansado no fim de um turno de 12 horas de trabalho”, justificou.
(Com Agência Estado)