O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou nesta quinta-feira, por 22 votos a favor e 7 contra, uma resolução para “apontar um relator especial sobre a situação de direitos humanos na República Islâmica do Irã”. O Brasil votou a favor da medida, marcando uma mudança de postura em relação ao governo anterior. Nos últimos anos, a diplomacia brasileira não só se abstinha ou votava contra este tipo de resolução, mas também apoiava violadores contumazes dos direitos humanos, como o Irã, cujo presidente Mahmoud Ahmadinejad foi chamado de amigo pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A resolução, cujo texto foi obtido na última quarta-feira pelo site de VEJA, foi aprovada em meio a denúncias de repressão a dissidentes e do aumento nas execuções no Irã. Catorze países se abstiveram na votação e quatro – das 47 nações representadas no Conselho – não votaram.
O projeto foi aprovado no penúltimo dia da 16ª reunião do Conselho, realizada desde o final de fevereiro em Genebra. Anteriormente, Teerã já afirmara que recusa essa iniciativa, por considerá-la uma intromissão em seus assuntos internos. A República Islâmica não é membro do Conselho.
Diplomacia – O Brasil, que nos últimos oito anos apoiou regimes que violam sistematicamente os direitos humanos, vinha dando diversos sinais de que corrigiria este erro e votaria a favor da resolução. Em 7 de março, a missão brasileira da ONU em Genebra homenageou a vencedora do Prêmio Nobel da Paz e crítica ferrenha do regime iraniano, Shirin Ebadi, oferecendo-lhe um almoço.
Três dias depois, a missão brasileira fez uma declaração enfática no Conselho, condenando a intolerância religiosa no mundo. Entre os pontos citados no documento oficial, estava a discriminação contra a fé Bahá’í, perseguida pelo regime iraniano.
Mesmo antes de sua posse, a presidente Dilma Rousseff já vinha sinalizando uma mudança na política externa do Brasil. Em uma entrevista concedida ao jornal americano The Washington Post, em dezembro do ano passado, ela condenou o apedrejamento no Irã e qualquer outro tipo de “prática ‘medieval’ contra mulheres”. A declaração foi festejada por líderes internacionais.
Direitos humanos – Além dos Bahá’ís, que têm 69 integrantes presos no Irã, o regime islâmico também colocou atrás das grades diversos estudantes, jornalistas, advogados, cineastas e líderes sindicais. De acordo com a Anistia Internacional, mais de 100 prisioneiros foram executados só neste ano no país.
(Com Agência Estado)