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Bomba secreta, IA e meses de preparo: como líder político do Hamas foi assassinado

Morte de Ismail Haniyeh em Teerã provocou ondas de choque pelo Oriente Médio, aumentando temores de que guerra em Gaza vire conflito mais amplo

Por Amanda Péchy
Atualizado em 2 ago 2024, 14h40 - Publicado em 2 ago 2024, 11h20
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  • O assassinato de Ismail Haniyeh, líder do braço político do grupo terrorista palestino Hamas, provocou ondas de choque pelo Oriente Médio por dois motivos. Primeiro, ele era uma das principais figuras envolvidas nas negociações por um cessar-fogo na Faixa de Gaza, e sua ausência deve dificultar ainda mais uma resolução para a guerra. Segundo, sua morte ocorreu em Teerã, após comparecer como convidado de honra à posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, configurando um desafio ousado à República Islâmica – que já prometeu vingança contra Israel, a quem atribuiu o ataque.

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    Mas como uma figura de alta patente foi assassinada, junto ao seu guarda-costas, descaradamente na capital iraniana? Segundo investigação do jornal americano The New York Times, com muito preparo e uma bomba secreta.

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    Precisão característica de IA

    Com base em depoimentos de sete autoridades do Oriente Médio, incluindo duas do Irã, e uma autoridade americana, o NYT descobriu que uma bomba havia sido implantada na casa de hóspedes que recebeu Haniyeh cerca de dois meses antes de sua morte. O local é administrado e protegido pela Guarda Revolucionária iraniana, órgão militar que controla o país, e faz parte de um grande complexo conhecido como Neshat em um bairro de luxo no norte de Teerã.

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    Haniyeh, que morava no Catar sob a proteção da monarquia local, havia se hospedado na mesma casa várias vezes em visitas anteriores ao Irã. O dispositivo foi detonado remotamente por volta das 2h da manhã de quarta-feira, enquanto o líder do Hamas estava dentro de seu quarto. A precisão e a sofisticação do ataque sugeriu o uso de inteligência artificial, lembrando uma arma robótica que Israel usou para assassinar o principal cientista nuclear do Irã, Mohsen Fakhrizadeh, em 2020.

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    A explosão sacudiu o complexo, quebrou algumas janelas e causou o colapso parcial de uma parede externa. A equipe médica permanente de Neshat afirmou que a autoridade morreu imediatamente. Ziyad al-Nakhalah, líder da Jihad Islâmica Palestina, grupo terrorista aliado do Hamas, estava hospedado no quarto ao lado. Nem ele nem o cômodo foram atingidos, sugerindo um planejamento preciso que tinha apenas Haniyeh como alvo.

    Falha monumental

    A teoria inicial – de que um míssil de alta precisão disparado por um drone havia sido usado na ofensiva – cai por terra. As suspeitas já tinham sido colocadas em questão devido à improbabilidade de um dispositivo desses conseguir escapar dos sistemas de defesa aérea iranianos. Os danos causados ao edifício – mínimos – também foram incompatíveis com os provocados por mísseis.

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    Segundo o NYT, um tipo diferente de brecha nas defesas do Irã foi explorado: uma falha na segurança do complexo supostamente impenetrável, que permitiu que uma bomba fosse plantada e permanecesse escondida por semanas antes de ser acionada. Como a bomba foi escondida na casa de hóspedes ainda não está claro, mas as autoridades que conversaram com o jornal americano garantiram que uma operação dessas exigiu meses de planejamento e uma vigilância extensiva de Neshat, local que além de receber convidados importantes é usado para retiros e reuniões secretas de altos oficiais iranianos.

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    Ou seja, foi uma falha monumental de inteligência para Teerã, como disseram fontes ao NYT. Uma vergonha extra para a Guarda Revolucionária, visto que Teerã já estava sob segurança reforçada por causa da posse de Pezeshkian, uma cerimônia no Parlamento que reuniu altos funcionários do governo, comandantes militares e autoridades de 86 países – incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que se sentou a três cadeiras de distância de Haniyeh durante o evento.

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    Posição de Israel

    Israel não reconheceu a autoria do ataque publicamente, mas autoridades de inteligência israelenses informaram os Estados Unidos e outros governos ocidentais sobre os detalhes da operação imediatamente após o ocorrido, de acordo com o NYT. Na quarta-feira, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, garantiu que Washington não tinha qualquer conhecimento prévio do plano.

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    Operações que envolvem o assassinato de figuras relevantes fora de Israel costumam ser realizadas pelo serviço de inteligência estrangeira Mossad. David Barnea, chefe da agência, disse em janeiro que o Mossad tinha “obrigação” de caçar os líderes do Hamas, o grupo por trás dos ataques de 7 de outubro passado contra comunidades do sul israelense que desencadearam a guerra em Gaza.

    “Levará tempo, como levou depois do massacre em Munique. Mas os pegaremos onde quer que estejam”, declarou Barnea, referindo-se ao assassinato de atletas israelenses por terroristas nas Olimpíadas de 1972.

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