Durante a visita de Jair Bolsonaro ao presidente Xi Jinping nesta sexta-feira, 25, China e Brasil assinaram oito protocolos nas áreas de infraestrutura, agropecuária, energia e educação. Os acordos foram fechados no encontro no Salão do Povo, em Pequim, depois de uma longa cerimônia em que os dois líderes passaram em revista às tropas na Praça da Paz Celestial.
Durante a reunião, Bolsonaro disse que estava ansioso para visitar a China –principal parceiro comercial do Brasil– porque está interessado em fortalecer o comércio e ampliá-lo para novos horizontes. “Hoje podemos dizer que uma parte considerável do Brasil precisa da China, e a China também precisa do Brasil”, afirmou.
“A China está disposta a importar mais produtos de alta qualidade e produtos de alto valor agregado do Brasil, que atendam às necessidades do mercado chinês”, disse a CCTV estatal, citando Xi.
O presidente brasileiro ainda convidou a China para participar do megaleilão de petróleo do pré-sal, que será realizado no início de novembro, e ressaltou a importância dos investimentos chineses para a economia brasileira.
“Aproveito a oportunidade para convidar a China para participar do maior leilão que se tem notícia, que é o leilão de óleo e gás”, disse.
O leilão, que será realizado em 6 de novembro, irá ofertar volumes excedentes do contrato da chamada cessão onerosa. O governo espera arrecadar cerca de 106 bilhões de reais em bônus de assinatura, com a negociação de quatro ativos.
Entre as 14 empresas habilitadas a participar do certame já estão duas companhias chinesas, a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) e a China Southern Petroleum Exploration and Development Corporation (CNODC).
Acordos
Um dos protocolos assinados, de exportação de carne bovina termoprocessada, estabelece os requisitos sanitários para a exportação do produto à China. Em 2018, o Brasil exportou 557 milhões de dólares em carne bovina processada ao mercado chinês.
Há também um protocolo sanitário para exportação de farelo de algodão, usado para ração. A China importou 4 bilhões de dólares da commodity no ano passado, segundo o governo brasileiro.
Os dois países assinaram ainda um ato de cooperação de energia renováveis e um acordo para que a empresa chinesa State Grid Corporation opere a linha de transmissão entre a Hidrelétrica de Xingu e o Rio de Janeiro. O ato para incrementar a presença chinesa no etanol brasileiro deve ficar para novembro, quando Xi Jinping vai ao Brasil para a cúpula dos Brics.
O Brasil firmou ainda dois atos na área de educação, para o intercâmbio de jovens estudantes e para a cooperação entre a Capes e a Fundação Nacional de Ciência Natural da China (NSFC).
Também foram assinados acordos para a facilitação dos trâmites nas aduanas entre os dois países e para tornar regulares os contatos entre as chancelarias dos dois países.
Na quinta-feira 24, Bolsonaro disse que iria isentar turistas e empresários chineses da necessidade de obter visto para ingressar no país, durante encontro com empresários em Pequim. O Ministério de Relações Exteriores, porém, imediatamente corrigiu que não se trata de isenção, mas de facilitação de concessão do visto, que deverá ser estendida aos indianos.
Bolsonaro foi recebido por Xi em grande cerimônia com revista de tropas na Praça da Paz Celestial, onde fica o Salão do Povo. Após o encontro de cerca de uma hora, o presidente brasileiro foi aplaudido por crianças, enquanto uma banda do Exército chinês tocava o hino nacional brasileiro.
“Visita oficial à China: foram assinados vários atos na área de infraestrutura e agricultura, além de termos convidado para a participação da China no megaleilão de óleo e gás”, disse Bolsonaro em publicação no Twitter acompanhada de um vídeo do encontro que teve com Xi Jinping.
Durante o encontro, o líder brasileiro ainda presenteou o mandatário da China com um agasalho do clube carioca Flamengo, finalista da Libertadores. Bolsonaro disse que esse é o “melhor time brasileiro do momento”.
Bolsonaro viajou a Pequim com a intenção de atrair investimentos chineses para o Brasil e refazer a imagem na relação com o país, a quem acusou, durante a campanha presidencial, de querer “comprar o Brasil”.
Além de ser o maior parceiro comercial do Brasil, a China e a maior fonte de investimento estrangeiro no país. No ano passado, o comércio bilateral cresceu para um recorde de 100 bilhões de dólares. Os dois países também fazem parte do grupo dos Brics, que reúne também Rússia, Índia e África do Sul.
Com a guerra comercial entre Washington e Pequim, as importações chinesas de produtos agrícolas dos Estados Unidos caíram de 19,5 bilhões de dólares em 2017 para pouco mais de 9 bilhões de dólares no ano passado, criando um déficit entre a oferta e a demanda de produtos-chave como a soja.
O Brasil já é a maior fonte de importação de soja da China, segundo a consultora agrícola Trase.
(Com Reuters e AFP)