A polícia boliviana dispersou neste domingo, com bombas de gás lacrimogêneo, a marcha de indígenas que seguia em direção a La Paz para rejeitar a construção da estrada que atravessa o Parque Nacional Isiboro Sécure, constatou a AFP.
A operação ocorreu em Yucumo, a qual os nativos haviam chegado no sábado, após romper o cerco policial montado no acesso à localidade.
Os indígenas foram retirados das barracas que ocupavam e, colocados à força em ônibus que seguiram para San Borja, 55 km de Yucumo. Segundo algumas fontes, os principais dirigentes da marcha estão detidos.
A equipe da AFP observou que alguns indígenas apresentavam cortes na cabeça enquanto eram colocados nos ônibus pelos policiais.
A polícia também dispersou o bloqueio levantado por partidários do presidente Evo Morales na estrada para Yucumo, 320 km de La Paz.
A marcha indígena havia chegado a Yucumo após utilizar o chanceler boliviano, David Choquehuanca, como escudo humano para romper o bloqueio policial no sábado.
Choquehuanca tentava reiniciar negociações com os indígenas contrários à construção de estrada sobre a reserva ecológica, e foi obrigado a marchar por quatro horas com os nativos, após confrontos com a polícia que terminaram com um oficial ferido.
Antes da ação policial deste domingo, o presidente Evo Morales anunciou no povoado de San Antonio – onde se reuniu com os 16 povos nativos do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS) – a convocação de um referendo nos departamentos de Beni e Cochabamba sobre a construção da estrada Villa Tunari-San Ignacio de Moxos.
Morales também garantiu a promulgação da lei contra a ocupação de terras no TIPNIS e afirmou que vai retirar os colonos de assentamentos ilegais.
A estrada em questão é parte da rodovia que unirá os oceanos Pacífico e Atlântico e promoverá o comércio na América do Sul. O projeto é financiado pelo Brasil, com custo total de 415 milhões de dólares.