Bill Clinton promete discurso para entusiasmar militantes
Ex-presidente deve culpar o governo Bush pelos problemas da economia americana e que somente Obama é capaz de fazer o país retomar o crescimento
O ex-presidente Bill Clinton é a aposta dos democratas para inflar os militantes nesta quarta-feira na convenção do partido em Charlotte, Carolina do Norte. Mais popular que nunca, Clinton vai colocar todo o seu peso na balança para tentar ajudar a reeleição de Barack Obama, em 6 de novembro. O discurso do ex-presidente, um dos mais esperados da convenção, buscará criar o mesmo efeito do pronunciamento na convenção republicana do candidato a vice-presidente, Paul Ryan, que foi recebido com entusiasmo pelos republicanos, apesar de vários pontos terem sido questionados depois.
A presença de Bill Clinton na convenção demonstra a unidade dos democratas para eleger Obama. Por muito tempo, os dois mantiveram relações tensas, após as primárias democratas de 2008 disputadas entre o presidente e Hillary Clinton. Em seguida, o ressentimento foi substituído pela distância, mas a luz de emergência foi acesa nos últimos meses e levou à reaproximação. A dois meses das eleições presidenciais, Obama aparece praticamente empatado com o republicano Mitt Romney nas pesquisas de intenção de voto.
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Progressivamente, Clinton vem manifestando mais claramente o apoio à reeleição de Obama. Ele acompanhou diversas reuniões para a captação de fundos de campanha e têm sido um atuante conselheiro nos bastidores. Para comprovar o empenho, há duas semanas o ex-presidente é visto em comerciais de televisão exibidos em estados-chave que podem decidir a eleição de novembro.
Economia – No discurso, Bill Clinton vai enfatizar que a política econômica de Romney é perigosa para os americanos, associando-a com os anos Bush, “o que nos levou à bagunça em que nós estamos”. O ex-presidente voltará a insistir que Barack Obama “é a melhor opção para restaurar o pleno emprego”. Para Georgia Kernell, pesquisadora da Universidade Northwestern, Clinton “pode explicar aos eleitores questões econômicas de forma clara e compreensível e fazer a conexão com suas vidas cotidianas”.
A economia americana é o calcanhar de Aquiles do atual presidente, com o desemprego em 8,3% e uma dívida de 16 bilhões de dólares. Por isso os democratas tentam se mostrar os registros econômicos dos anos Clinton. O período do mandato do ex-presidente, entre 1993 e 2001, foi o mais longo de expansão econômica em tempos de paz, no qual sua administração equilibrou o orçamento, reduziu o desemprego e a inflação. Sua administração deixou, inclusive, um excedente orçamentário de 236 bilhões dólares. “O desemprego foi inferior a 4%”, recorda Robert Shapiro, especialista da Universidade de Columbia, em Nova York.
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Bill Clinton, acrescenta Shapiro, “sempre foi capaz de se conectar com as pessoas comuns, especialmente os eleitores brancos” das classes mais desfavorecidas. Hoje, esses mesmos eleitores se inclinam para o republicano Mitt Romney. Daí o papel dado a Clinton para tentar recuperá-los.
Orador – O pronunciamento Clinton, presente em todas as convenções democratas, interessa muito à equipe de Obama. Aos 66 anos, ele não perdeu suas habilidades como orador. Sua popularidade, brevemente abalada durante seu segundo mandato por suas escapadas sexuais com a jovem estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky, continua a subir desde que deixou a Casa Branca em janeiro de 2001. Uma pesquisa do instituto Gallup mostra que 60% dos americanos consideram que ele foi um presidente único, contra 50% em 2009. De todos os presidentes recentes, apenas Ronald Reagan fez melhor, 69%.