Biden diz que EUA não vão suspender sanções até que Irã siga compromissos
Democrata prometeu voltar ao tratado nuclear, mas enfrenta resistência das autoridades iranianas para que sanções sejam suspensas antes de qualquer mudança
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que não suspenderá as sanções contra o Irã até que a República Islâmica cumpra com seus compromissos nucleares.
“Não”, respondeu Biden em uma entrevista ao canal CBS, ao ser questionado sobre a possibilidade de retirar as sanções impostas a Teerã na tentativa de obrigar o país a voltar a negociar e salvar o acordo nuclear. Ele acenou positivamente com a cabeça quando o jornalista perguntou se os iranianos deveriam parar de enriquecer urânio primeiro.
O acordo de 2015, entre o Irã e várias potências, está por um fio desde 2018, depois da decisão do ex-presidente Donald Trump de retirar os Estados Unidos do pacto e voltar a impor sanções a Teerã. Um ano depois, o país islâmico suspendeu o cumprimento de vários compromissos incluídos neste acordo.
O governo de Biden expressou sua vontade de reincorporar os Estados Unidos ao acordo mas insiste que, antes de tudo, Teerã deve cumprir totalmente seus compromissos. Em 4 de janeiro, o país anunciou que havia acelerado seu programa de enriquecimento de urânio para 20% de pureza, o que supera muito os 3,67% permitidos pelo acordo, mas ainda é muito baixo para produzir uma bomba atômica.
Desde a chegada do democrata à Casa Branca em 20 de janeiro, a comunidade internacional está ansiosa para saber como ele cumprirá sua promessa de voltar ao tratado, complicada pela insistência do Irã de que primeiro as sanções sejam suspensas.
O confronto ficou mais claro no domingo, quando o líder supremo iraniano Ali Khamenei também não foi muito flexível. “Se eles querem que o Irã retorne aos seus compromissos (…) os Estados Unidos devem suspender completamente as sanções, na prática e não no papel”, disse o aiatolá em um discurso transmitido pela televisão.
“Então, vamos verificar se de fato as sanções foram levantadas corretamente”, continuou ele, acrescentando que essa era “a política definitiva da República Islâmica”.
O governo Biden tem sido intencionalmente vago sobre como pretende avançar, mas o secretário de Estado, Antony Blinken, conversou com seus colegas alemães, franceses e britânicos na sexta-feira para formar uma frente unida com os três signatários europeus do acordo nuclear que se opuseram à retirada unilateral de Trump. Eles enfrentam um prazo apertado: o Irã ameaçou banir inspetores internacionais de suas instalações nucleares em 21 de fevereiro se as medidas dos EUA não forem suspensas.
(Com AFP)