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Autoridades de Peshawar impedem lançamento do livro de Malala

Ativista lançou biografia para incentivar luta pelo direito à educação

Por Da Redação
28 jan 2014, 19h22

Um evento para lançar a biografia da jovem paquistanesa Malala Yousafzai em Peshawar, ao noroeste do Paquistão, foi cancelado por pressão das autoridades locais, segundo os organizadores. A rede BBC informou que as autoridades apontaram a falta de segurança no local como motivo para o cancelamento, mas a Universidade de Peshawar, que promoveria o lançamento do livro, afirmou que sofreu uma “intervenção direta do governo da província” de Khyber Pakhtunkhwa, da qual Peshawar é a capital. A província é palco de uma insurgência islâmica no país. Não estava previsto o comparecimento da autora.

“Nós fomos obrigados a cancelar. Fomos pressionados por ministros da província e pelo vice-reitor da universidade” disse Sarfaraz Khan, diretor do centro de estudos onde aconteceria o evento. “Quando eu me recusei a cumprir essa ordem ilegal, a polícia se negou a fornecer segurança”, acrescentou.

Malala, hoje com 16 anos, desafiou uma das mais cruéis e violentas milícias do mundo e se tornou um ícone da luta pelo direito à educação das meninas após ser baleada na cabeça por terroristas do Talibã em 2012. Sua biografia, Eu Sou Malala, foi lançada no Brasil no final do ano passado.

Em VEJA: ‘A educação é o caminho para acabar com o terrorismo’, diz Malala

O ministro da Informação da província, Shah Farman, confirmou que a administração dificultou a cerimônia, justificando que o local não era adequado para o lançamento e que os organizadores estavam usando o evento como uma maneira de ganhar dinheiro dos Estados Unidos. “É verdade que nós os impedimos e temos razões para isso”, disse à agência France-Presse.

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Khadim Hussain, chefe da Bacha Khan Education, uma organização beneficente que apoiava o lançamento, disse que a pressão pelo cancelamento ocorreu para satisfazer os militantes religiosos. “Eles nos impediram para agradar o Talibã. Nós anunciaremos em breve uma nova data para o lançamento do livro”.

À rede britânica BBC, Hussain disse que representantes do governo da província pressionaram a administração da universidade para cancelar o programa. “Importantes funcionários telefonaram para os professores ligados ao evento”.

Um oficial da polícia, que pediu anonimato, disse que se eles permitissem a cerimônia estariam atraindo ataques do Talibã no futuro.

Crítica – O presidente do partido que governa a província, o ex-jogador de críquete Imran Khan, disse que era contra o cancelamento do evento. “Não consigo entender por que o lançamento do livro de Malala foi cancelado. Acreditamos na liberdade de expressão, e não na censura de ideais”, afirmou, em uma mensagem no Twitter.

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O chefe da polícia de Peshawar, Ijaz Khan, disse que o cancelamento se deu por “preocupações com a segurança”. Ele acrescentou que os organizadores não forneceram informações à polícia sobre a programação do evento, o que tornaria impossível o deslocamento de oficiais de polícia para fazer a proteção do local.

Malala tinha apenas 14 anos quando foi baleada na cabeça por defender o direito das meninas irem à escola no Paquistão. Ela foi transferida para um hospital da cidade de Birmingham, na Inglaterra, onde se recuperou do grave ferimento e passou a residir com a família. Indicada ao prêmio Nobel da Paz do ano passado, Malala viajou o mundo para levar o seu discurso de defesa aos direitos humanos. Ao defender o direito irrestrito à educação para todos na sede da ONU, a jovem foi aplaudida de pé pelos diplomatas e estudantes do mundo inteiro que foram convidados a acompanhar o pronunciamento.

No Paquistão, no entanto, algumas escolas baniram sua autobiografia por conter “conteúdo antipaquistanês e anti-islâmico”.

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