O vice-chanceler russo Sergei Ryabkov negou nessa sexta-feira que um comandante do exército iraniano tenha feito recentemente uma visita secreta a Moscou. Na quinta-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, confrontou o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, sobre os rumores da visita. Um encontro fechado entre autoridades dos dois países poderia aumentar a oposição no Congresso dos EUA ao acordo nuclear com o Irã.
Em uma coletiva em Moscou, Ryabkov afirmou que os boatos sobre a visita do major general iraniano Qasem Soleimani à Rússia lhe causaram “grande surpresa”. “Nós informamos aos colegas americanos que não possuímos essa informação, que Soleimani não esteve em Moscou”, afirmou o vice-chanceler aos jornalistas.
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A suposta viagem de Soleimani à Rússia foi usada pelos críticos ao acordo nos Estados Unidos como prova da falta de comprometimento da Rússia com o pacto. A suspensão das sanções impostas ao Irã, prevista pelo pacto nuclear, oferecerá aos russos a chance de expandir o comércio com o país, incluindo a venda de armas. Ryabkov defendeu nessa sexta-feira o potencial do sistema de exportação de armas para o Irã, dizendo que era um tópico “estritamente bilateral”, que não diz respeito a outros países. Afirmou também que seu país está totalmente comprometido em cumprir sua parte do acordo e acusou os americanos de usarem “apenas argumentos políticos e sem nenhuma base substancial”.
Qasem Soleimani é o chefe das forças Quds do Irã – uma unidade de elite cujo foco são as operações militares fora do país – e supervisiona o apoio iraniano às milícias que se opuseram ao Estado Islâmico no Iraque, a assistência militar ao presidente sírio Bashar Assad, bem como o suporte iraniano para o Hezbollah e o Hamas. Ele é também acusado de armar as milícias xiitas responsáveis pelas mortes de tropas americanas durante a Guerra do Iraque e foi sancionado pelo Departamento de Estado por cumplicidade com terrorismo.
Por meio do acordo nuclear, as sanções impostas ao militar iraniano pelas Nações Unidas, que o proíbem de deixar seu país, seriam suspensas oito anos após a implementação das medidas. Contudo, em uma recente sessão do Comitê de Serviços Armados dos EUA, Kerry afirmou que as sanções americanas contra Soleimani “nunca” seriam retiradas.
(Da redação)