Um ativista britânico da causa LGBT foi detido nesta quinta-feira (14) na Praça Vermelha, em Moscou, por protestar contra os abusos sofridos pelos homossexuais na Rússia. O homem foi preso poucos minutos antes do início da partida inaugural da Copa do Mundo, entre a seleção anfitriã, Rússia, e a Arábia Saudita.
Peter Tatchell protestou contra o presidente Vladimir Putin, em frente ao Kremlin, segurando um cartaz com os dizeres “Putin não agiu contra a tortura de pessoas gays na Chechênia“.
Tatchell foi abordado por policiais russos, que consideraram a manifestação ilegal ––na Rússia é preciso permissão das autoridades para realizar protestos–– e tiraram o rapaz do local. Depois de uma longa conversa, ele foi escoltado e levado em uma viatura.
O próprio Tatchell informou em seu perfil no Twitter que foi liberado sob pagamento de fiança às 11h05 (horário de Brasília). “Obrigado por todo o apoio. Vamos relembrar a situação horrível dos LGBT na Rússia e na Chechênia”, publicou o ativista.
Segundo a imprensa russa, em 2017, dezenas de gays foram detidos e torturados em prisões secretas em territórios russos. O presidente da Chechênia, Ramzan Kadyrov, nega abusos contra homossexuais e diz que não existem gays na região.
Homofobia
Gays, lésbicas, bissexuais e transexuais sofrem constante perseguição, agressões e humilhações na Rússia, ainda que a homossexualidade tenha sido descriminalizada em 1993. A situação só piorou desde que a chamada “lei de propaganda gay” foi aprovada pelos legisladores locais em 2013. A norma proíbe a distribuição para menores de idade de conteúdos que defendam os direitos LGBT ou equiparem relacionamentos heterossexuais a homossexuais.
Se assumir publicamente nas grandes cidades e centros desenvolvidos da Rússia, como Moscou e São Petersburgo, é um pouco mais seguro. É no interior do país que os casos mais graves de homofobia e a maior parte dos ataques são registrados.
O caso da Chechênia, uma das repúblicas da Federação Russa no Cáucaso, se difundiu nos noticiários mundiais no ano passado após uma série de acusações de ativistas e organizações de direitos humanos.
A região muçulmana sempre registrou casos de violência contra homossexuais, porém entre março e maio de 2017 a perseguição se intensificou, com relatos de homens sendo mantidos nos chamados “campos de concentrações gay” pelas autoridades e policiais locais. Segundo as denúncias, foram centenas de pessoas torturadas com espancamento, choques elétricos e estupros, além de dezenas de assassinatos. E a perseguição continua ocorrendo.
(Com Estadão Conteúdo)