Os Estados Unidos ou a Arábia Saudita desencadeariam uma “guerra total” se atacassem o Irã, afirmou o ministro das Relações Exteriores do país, Mohammad Javad Zarif, em entrevista transmitida nesta quinta-feira, 19, pelo canal americano CNN. O chanceler iraniano, contudo, afirmou que seu país deseja evitar um conflito militar.
“Uma guerra total”, respondeu Zarif, com ar sério, ao jornalista que perguntou: “Qual seria a consequência de um ataque militar dos Estados Unidos ou da Arábia Saudita ao Irã?”.
“Não queremos guerra, não queremos entrar em um confronto militar. Pensamos que um conflito armado baseado em uma farsa é terrível, mas não temos medo quando se trata de defender nosso território”, acrescentou Zarif.
Estados Unidos e Arábia Saudita responsabilizam o Irã pelos ataques cometidos no sábado passado contra refinarias da petroleira saudita Aramco, a maior do mundo. O chefe da diplomacia iraniana reiterou que seu país não está envolvido nesses ataques, que foram reivindicados pelos rebeldes houthis do Iêmen, aliados de Teerã.
“Sei que nós não os realizamos. Sei que os houthis declararam que os realizaram”, acrescentou.
No entanto, a Arábia Saudita insistiu na quarta-feira que os ataques foram efetuados com dezoito drones e sete mísseis iranianos e que foram lançados do norte, e não do Iêmen, localizado ao sul do reino.
“É fabricado”, disse Zarif à CNN sobre as provas apresentadas por Riad para incriminar Teerã. “Eles querem jogar a culpa no Irã, a fim de fazer algo, e é por isso que digo que é uma agitação para uma guerra, porque é baseada em mentiras e uma farsa”, acrescentou.
Zarif denunciou que os aliados dos Estados Unidos na região – Israel, Arábia Saudita e Emirados Árabes – “tentam enganar” o presidente americano Donald Trump e conduzi-lo a uma guerra.
Solução pacífica
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse nesta quinta-feira que os Estados Unidos estão construindo uma coalizão para deter o Irã após o ataque do final de semana.
“Ainda estamos nos esforçando para construir uma coalizão em um ato de diplomacia”, disse Pompeo a repórteres depois de se reunir com o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed.
“Enquanto o ministro das Relações Exteriores do Irã está ameaçando uma guerra e enfrentar até o último americano, eu estava aqui para formar uma coalizão com o objetivo de alcançar a paz”, acrescentou.
As declarações de hoje do secretário representam uma mudança de tom em relação aos seus pronunciamentos anteriores. Ontem, Pompeo classificou os ataques de sábado contra as instalações da Aramco como um “ato de guerra” do Irã.
O secretário de Estado também foi uma das primeiras autoridades a apontar a participação de Teerã nos bombardeios, antes mesmo da inteligência americana apresentar oficialmente as provas que baseavam seus argumentos.
Na quarta, Donald Trump anunciou que vai “aumentar substancialmente as sanções” impostas ao Irã, sem dar mais detalhes sobre a medida.
(Com EFE, Reuters e AFP)