Aviões de combate do regime do ditador sírio Bashar Assad bombardearam nesta quinta-feira dois edifícios residenciais e uma mesquita na cidade de Maaret al-Nooman, no norte da Síria, matando 44 pessoas. Muitas mulheres e crianças estavam entre as vítimas. O ataque à localidade controlada por rebeldes ocorre na véspera da visita do enviado das Nações Unidas para a Síria e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o regime de Bashar Assad.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram milhares de pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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Em resposta, os rebeldes lançaram um ataque contra a base militar de Wadi Deif, a dois quilômetros de Maaret al-Nooman. Também tentaram abater aeronaves que sobrevoavam a cidade, mas não obtiveram sucesso. A localidade de 125.000 habitantes foi tomada pelos rebeldes no último dia 9 – muitos de seus moradores abandonaram suas casas.
O comissário Brahimi aposta em um acordo de cessar-fogo durante a festa muçulmana de Eid al-Adha, que será realizada entre 26 e 28 de outubro. Ele acredita que a trégua poderia abrir caminho para um cessar-fogo permanente.
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Mas, ao menos nesta semana que antecede a festa, as forças do regime intensificaram os ataques contra redutos rebeldes no país. Nesta quinta-feira, 141 pessoas morreram em todo o território sírio – 56 civis, 53 soldados e 32 rebeldes -, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
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Questionado sobre a possibilidade de uma trégua na Síria, o porta-voz da chancelaria, Jihad Maqdisi, disse que o governo só vai se pronunciar depois de saber o que o enviado da ONU tem a dizer.
A oposição, por sua vez, diz estar pronta para aceitar uma trégua, desde que o regime tenha a iniciativa do cessar-fogo. Analistas, no entanto, duvidam da eficácia da iniciativa, devido à complexidade do conflito e das divergências internacionais sobre uma solução.
“Uma trégua temporária é possível, mas ela não teria importância estratégica nem caráter permanente”, declarou Paul Salem, diretor do Centro Carnegie para o Oriente Médio.
(Com Agência France-Presse)