Assassinato de jovem gay de origem brasileira gera protestos na Espanha
Nascido no Brasil, auxiliar de enfermagem Samuel Luiz Muñiz, de 24 anos, foi brutalmente agredido até a morte na madrugada de sexta para sábado
O auxiliar de enfermagem Samuel Luiz Muñiz, de 24 anos, foi brutalmente agredido até a morte na madrugada de sexta para sábado em La Coruña, na Espanha, em um caso que deu início a uma onda de protestos contra a homofobia no país, com grandes manifestações espalhadas pelas principais cidades na noite de segunda-feira 5.
Ao jornal espanhol El Mundo, amigos disseram que ele foi atacado quando estava em uma chamada de vídeo no celular com um amigo, à medida que agressores pensavam que o jovem estava tentando filmá-los. Os agressores teriam gritado termos depreciativos contra homossexuais. Samuel Luiz não resistiu aos ferimentos e morreu mais tarde no hospital.
A polícia agora investiga se a morte do jovem, nascido no Brasil mas que vivia na Espanha desde a infância, foi um crime de ódio, conforme indicam os relatos das testemunhas.
Em resposta ao caso, milhares de pessoas foram às ruas de grandes cidades do país na noite de segunda-feira, 5, para manifestar indignação.
Em Madrid, cerca de 4.000 de manifestantes se reuniram na Puerta del Sol e exibiram cartazes e faixas contra a homofobia. Atos similares também foram registrados em Barcelona e Valência.
Em La Coruña, cidade da Galícia onde o crime aconteceu, milhares de moradores se concentraram na praça de María Pita e fizeram um minuto de silêncio, que culminou em fortes aplausos. Apesar da chuva, um grupo de amigos da vítima levou cartazes pedindo respeito e afirmando que “Samuel não foi morto, foi assassinado”.
Nas redes sociais, mensagens de solidariedade eram postadas com a hashtag #JusticiaParaSamuel. Em publicação, a organização Avante LGTB+, que ajudou a organizar as manifestações, pediu esclarecimentos sobre o caso.
Dados do Ministério do Interior mostram que 278 crimes de ódio relacionados a orientação sexual ou identidade de gênero foram registrados na Espanha em 2019, um aumento de 8,6% em relação ao ano anterior. A Agência da União Europeia para Direitos Fundamentais, no entanto, alerta que isso representa apenas uma fração dos crimes de ódio, já que muitos não são denunciados às autoridades.
Em publicação no Twitter, o chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, classificou o caso como “um ato selvagem e cruel”.
Confío en que la investigación de @policia dé pronto con los autores del asesinato de Samuel y esclarezca los hechos. Fue un acto salvaje y despiadado.
No daremos ni un paso atrás en derechos y libertades. España no lo va a tolerar. Todo mi apoyo a su familia y seres queridos.
— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) July 5, 2021
“Espero que a investigação da polícia em breve encontre os autores do assassinato de Samuel e esclareça os fatos”, disse.
Nenhuma prisão foi feita até o momento e o delegado encarregado do caso, José Minones, pediu prudência neste momento, à medida que a polícia ainda está revendo imagens de câmeras de vigilância e interrogando suspeitos que estavam do lado de fora da casa noturna no momento do crime.
“Estamos nos estágios iniciais, e apenas a investigação vai nos dizer se foi um crime homofóbico ou não”, disse.