O presidente francês, Emmanuel Macron, e a sua principal adversária, a representante da extrema-direita Marine Le Pen, se encontraram na noite desta quarta-feira, 20, para um disputado debate televisivo, o único antes do segundo turno das eleições presidenciais da França, marcadas para o próximo domingo, 24.
Cerca de 14% dos eleitores estão aguardando o desempenho dos candidatos no debate para decidirem em quem votarão, enquanto 12% afirmaram que o encontro será decisivo para votar, de acordo com uma pesquisa da OpinionWay-Kea Partners.
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Macron, que lidera as pesquisas de opinião, teve o desafio de não parecer arrogante durante o confronto com a adversária – algo que vem sendo criticado pelos eleitores. Le Pen, por sua vez, teve uma chance de convencer novos votantes de que tem capacidade para comandar a França e que não precisam temer a extrema-direita no poder.
Ao chegar à sede da TV, Le Pen disse que estava “relaxada”, enquanto Macron disse que estava “focado, pronto para um debate que permitirá explicar as ideias para a França”. Desde o início do debate, no entanto, os dois se interromperam em alguns momentos, à exemplo do momento em que a adversária afirmou que “na vida real” suas propostas melhorariam a condição de vida dos eleitores, enquanto Macron rebateu que as propostas não são nem perto de realistas.
“Minha prioridade máxima durante os próximos cinco anos será dar aos franceses seu dinheiro de volta”, disse Le Pen durante o debate, dizendo que Macron fez o povo “sofrer” durante seu governo. “Serei a presidente do custo de vida”.
Macron, por sua vez, tentou atacar a adversária pela admiração no passado ao presidente russo, Vladimir Putin, e laços com bancos russos.
“Você depende do poder russo, você depende de Putin. Você pegou um empréstimo com um banco russo”, disse o atual presidente. “Muitas de suas escolhas podem ser explicadas por esta dependência”.
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Em resposta, Le Pen disse ser uma “mulher completamente livre e independente”.
Em 2014, o partido de Le Pen pegou um empréstimo de 9 milhões de dólares, que ainda está sendo pago, de um banco russo-checo para campanhas eleitorais locais. Nas eleições de 2017, depois de ter perdido para Macron no segundo turno, ela declarou que compartilhava dos mesmos valores de Putin e que uma “nova ordem mundial” iria emergir com eles dois e Donald Trump no poder.
Desde o início da guerra, no entanto, ela mudou de tom, condenando a invasão à Ucrânia e dizendo ser independente de qualquer outro país.
Apesar da projeção positiva para o atual chefe de Estado, o segundo turno da eleição presidencial da França promete ser mais acirrado do que o pleito de 2017, quando Macron derrotou Le Pen com uma vantagem muito mais expressiva, chegando a 66,1% dos votos.
Segundo pesquisas de opinião, o centrista teria 55,5 a 56,5% dos votos desta vez, apesar da união de candidatos derrotados de centro e esquerda em torno de seu nome. Com o objetivo de frear a representante da exterma-direita, Jean-Luc Mélenchon, declarou que “não deve ser dado um voto sequer a Le Pen”. O candidato da esquerda ficou ficou em terceiro lugar, com 22% dos votos no primeiro turno.
Em tom similar, a conservadora Valérie Pécresse pediu que seus eleitores direcionassem seus votos ao atual presidente no segundo turno. Segundo a candidata, a chegada de Le Pen ao poder resultaria em “consequências potencialmente desastrosas” para o país e para as gerações futuras.
Neste cenário acirrado, a abstenção dos eleitores é alvo de preocupação, já que, na França, o voto não é obrigatório. A baixa participação dos eleitores foi destaque no primeiro turno, no qual 26% dos franceses não compareceram à urnas – a maior abstenção em vinte anos.