A polícia sul-africana anunciou nesta sexta-feira o indiciamento por terrorismo de cinco extremistas brancos. Eles são suspeitos de terem planejado ataques com bombas nas townships – bairros negros pobres – em diversas regiões do país. As autoridades asseguram, porém, que não existe qualquer ameaça para os jogos do Mundial Fifa, que começa no dia 11 de junho.
Musa Zondi, porta-voz da unidade de elite da polícia criminal, informou que sete homens foram detidos no final de abril em Phalaborwa, às portas do parque nacional Kruger (nordeste), depois de profanarem o túmulo de um alto dirigente negro. No interrogatório, eles confessaram suas atividades e indicaram esconderijos de armas e explosivos. “Eles queriam colocar bombas em zonas habitadas por negros”, contou o porta-voz.
O ministro da Segurança, Nathi Mthethwa, anunciou na última quinta-feira que, recentemente, houve muitas outras detenções. “A polícia entrou em várias zonas, descobrindo esconderijos de armas e munição”, disse à imprensa. “Em Pretória, por exemplo, alguns dos detidos tinham planos (…) de testar explosivos num bairro pobre negro”, disse. O chefe da polícia nacional, Bheki Cele, descartou categoricamente que hajam ameaças pesando sobre o Mundial.
Histórico – As investigações começaram no mês passado, depois do assassinato do líder branco de ultradireita, Eugène Terre’Blanche. Segundo o chefe de polícia, Bheki Cele, prisões foram efetuadas nas províncias de Western Cape, Gauteng e Limpopo. Paralelamente, um total de 32 extremistas estão sendo julgados, por tentativa de derrubar o governo em 2002 mediante vários ataques, entre eles a explosão em uma estação de trens em Soweto (sul), que matou uma mulher. O porta-voz Zondi disse não saber se o projeto de atentado já estava num estágio muito adiantado, mas que a polícia levou muito a sério a ameaça.
Ameaças ao Mundial – Segundo Anneli Botha, especialista em terrorismo do Instituto de Estudos de Segurança (ISS), é improvável que o assassinato de Eugène Terre’Blanche dê lugar a um atentado da extrema-direita durante a Copa do Mundo. “Até agora, a ultradireita se concentrou na política interna e não nos eventos internacionais como o Mundial. Todo complô foi dirigido contra o governo ou contra certas faixas da sociedade, não contra a comunidade internacional”, explicou.
“Não digo que não exista uma ameaça, mas vincular isso à morte de Eugène Terre’Blanche e dizer que as pessoas se armaram e tentam colocar em perigo a Copa do Mundo é, sem dúvida, ir longe demais”, concluiu.
(Com agência France-Presse)