
O governo argentino resolveu retirar seu embaixador do Paraguai, Rafael Romá, depois da destituição do ex-presidente Fernando Lugo, “pela ruptura da ordem democrática”, anunciou neste sábado a chancelaria em um comunicado à imprensa.
“Diante dos graves acontecimentos institucionais ocorridos na República do Paraguai, que culminaram com a destituição do presidente constitucional Fernando Lugo e a ruptura da ordem democrática, o governo argentino retira imediatamente seu embaixador de Assunção”, informou o Ministério das Relações Exteriores.
Em um breve comunicado, a chancelaria esclareceu que a representação diplomática argentina no Paraguai “ficará a cargo de um encarregado pelos negócios até que seja restabelecida a ordem democrática”.
Lugo foi destituído na sexta-feira em um julgamento político sumário de um dia, acusado pela Câmara dos Deputados de “mal desempenho de suas funções” e, em seu lugar, assumiu o vice-presidente, Federico Franco.
Na noite de sexta-feira, a presidente argentina Cristina Kirchner qualificou a destituição de Lugo de “golpe de Estado” que considerou “inaceitável” e antecipou que Argentina “não reconhece” o novo governo paraguaio.
“É um ataque definitivo às instituições que fazem muito mal e que reedita situações que acreditávamos que tinham sido absolutamente superadas na América do Sul e na região em geral”, acrescentou a presidente diante de jornalistas na Casa Rosada.
Por sua vez, o embaixador do Paraguai na Argentina, Gabriel Enciso López, se juntou na noite de sexta-feira a integrantes da comunidade paraguaia em Buenos Aires que se concentraram no Obelisco portenho para repudiar a destituição de Lugo.
“Não vou continuar como embaixador”, disse López ao canal 26 de notícias de Buenos Aires ao defender que houve um “golpe institucional” em seu país.
Legisladores argentinos analisavam convocar uma sessão especial para repudiar o ocorrido no país vizinho.
A destituição de Lugo é “um claro retrocesso no cumprimento efetivo das cláusulas democráticas que regem o Mercosul e a Unasul”, disse em um comunicado o grupo de deputados.
O opositor Mario Negri (UCR, social democrata), vice-presidente da Câmara de deputados, pediu ao governo que “promova uma sanção conjunta no Mercosul e na Unasul”.