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Após três semanas sem premiê, Líbano escolhe diplomata como novo líder

O embaixador na Alemanha, Mustapha Adib, foi eleito pelo Parlamento e prometeu reformas para aplacar a crise política e econômica no país

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 ago 2020, 10h24 - Publicado em 31 ago 2020, 09h52
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  • Exatamente três semanas após a renúncia de Hassan Diab e seu gabinete, o Líbano anunciou a escolha de seu novo primeiro-ministro. O embaixador na Alemanha, Mustapha Adib, foi eleito depois de receber o maior número de votos nas consultas parlamentares organizadas pelo chefe de Estado, Michel Aoun, anunciou nesta segunda-feira, 31, a Presidência libanesa.

    O ex-premiê Diab e todo seu gabinete renunciaram após a explosão no porto de Beirute, em 4 de agosto, que provocou pelo menos 188 mortes. A nomeação de Adib, de 48 anos, foi anunciada em um comunicado divulgado pela televisão estatal. O novo primeiro-ministro se reuniu em seguida com o presidente Aoun e o porta-voz do Parlamento, Nabih Berri.

    Mustapha Adib se comprometeu a formar “em tempo recorde” um ministério de “especialistas competentes”, para aplicar as “reformas” que os cidadãos aguardam há tanto tempo.

    “A tarefa que aceitei se baseia no fato de que todas as forças políticas são conscientes da necessidade de formar um governo em tempo recorde e de começar a a aplicar as reformas, tomando como ponto de partida um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI)”, afirmou em um discurso exibido na televisão.

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    Crise política e econômica

    Além de destruir quase metade de Beirute, a explosão colocou abaixo de uma vez por todas um sistema político que já estava vazando água por todos os lados. Como consequência, o primeiro-ministro Hassan Diab e todo seu gabinete renunciaram, responsabilizando a classe política tradicional por “este terremoto que atingiu o país”.

    Governado por um sistema de sectarismo religioso em que os principais cargos políticos são divididos entre cristãos maronitas e ortodoxos e muçulmanos xiitas e sunitas, o Líbano está preso em décadas de instabilidade política, má administração e altos níveis de corrupção. Durante as últimas décadas, alianças dos mesmos grupos e famílias se revezam no poder, trazendo pouca mudança.

    “Essa estrutura estatal não deu ao país a capacidade de desenvolver um mecanismo de vigilância, com o qual os políticos possam ser responsabilizados e penalizados por suas condutas”, afirma Imad Salamey, cientista político da Universidade Americana do Líbano.

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    Em outubro do ano passado, o aumento dos impostos sob o tabaco, o combustível e as ligações telefônicas foi suficiente para disparar o gatilho da insatisfação popular que deu início a manifestações de enorme proporção e que se estenderam por pelo menos 10 meses.

    Para piorar o cenário, a bolha especulativa que sustentava a prosperidade financeira de parte da sociedade explodiu, levando a uma inflação insustentável, confisco das contas correntes e derrubada no câmbio da lira com o dólar. Tudo resultado de um sistema de pirâmide comandado pelo Banco Central de atração de capital estrangeiro e oferecimento de altas taxas de juros sobre depósitos em dólar aos bancos nacionais.

    No ano passado, o débito estatal alcançou 152% do PIB, o desemprego atingiu 30% da população e a crise se tornou cada vez mais perceptível nas ruas das grandes cidades, onde multiplicaram-se cenas de famílias vasculhando o lixo por comida. Atualmente um terço da população de 6 milhões vive abaixo da linha de pobreza, e a expectativa é que em breve 50% dos libaneses podem enfrentar tais condições.

    (Com AFP)

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