Ao menos mil pessoas são presas em protestos no Egito
EUA pedem que governo não impeça atos e dizem que monitoram a situação
Pelo menos mil pessoas foram detidas nesta quarta-feira no Egito em manifestações contra o governo do presidente Hosni Mubarak. Mais cedo, as autoridades tinham avisado que prenderiam quem participasse dos protestos. A mobilização contra o aumento dos preços de alimentos, o alto índice de desemprego e a corrupção da administração começou na última terça-feira, no que ficou conhecido como “dia de revolta“. O movimento foi inspirado na rebelião que derrubou o ex-ditador tunisiano Zine el Abidine Ben Ali, em 14 de janeiro.
Policiais e manifestantes voltaram a se enfrentar nesta quarta-feira no centro do Cairo e em Suez, a leste da capital, no segundo dia de protestos contra o governo de Mubarak, que está no poder há três décadas. Apenas nesta segunda cidade, a mobilização reuniu cerca de 2.000 pessoas. De acordo com testemunhas, o local é o mesmo onde três pessoas morreram durante os confrontos da última terça. Uma outra pessoa perdeu a vida em consequências de ferimentos.
Entre os detidos nesta quarta-feira, há 90 pessoas que se manifestavam na praça Tahrir, centro do Cairo, e 121 membros da organização islamita Irmandade Muçulmana, Asiut, no sul da capital egípcia. O grupo, oficialmente proibido no país, é apenas tolerado.
Reação – A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, pediu nesta quarta-feira ao governo egípcio para não impedir os protestos pacíficos ou bloquear as comunicações, incluindo redes sociais como o Facebook e o Twitter. Ela disse que as manifestações deram às autoridades egípcias “uma importante oportunidade” para anunciar amplas reformas.
Clinton afirmou que os EUA apoiam o direto do povo egípcio de liberdade de expressão, assembleia e associação. Ela falou que a administração Obama estava esperançosa de que o governo de Mubarak irá agir de acordo com as “legítimas aspirações” de seu povo.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, afirmou que o país está monitorando a situação no Egito, um próximo aliado dos EUA. Porém, se recusou a dizer se Mubarak ainda tem o apoio americano.
Os protestos – Inspiradas pelo movimento popular que retirou do poder o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, milhares de pessoas marcharam nas principais cidades egípcias, na última terça-feira, exigindo a queda de Mubarak, o fim da lei de emergência que vigora desde 1981 e a realização de eleições parlamentares. Os ativistas, que organizaram os protestos pela internet, também se manifestam contra a pobreza e a repressão. Os atos acabaram em confronto com a polícia, deixando quatro mortos. Apesar de o governo ameaçar prender os manifestantes, diversos grupos realizaram novos protestos nesta quarta.
(Com agências France-Presse e Reuters)