O impacto global causado pela crise nos países desenvolvidos será abordado na semana que vem em Buenos Aires por chanceleres do Fórum de Cooperação América Latina – Ásia do Leste (Focalal), que representa 40% da população mundial e 29% do Produto Interno Bruto (PIB) do globo.
“Os ministros analisarão os efeitos da crise financeira nas nações desenvolvidas. Outro tema importante será o comércio entre ambas as regiões”, disse uma fonte diplomática argentina.
O encontro dos ministros de Relações Exteriores de 18 nações latino-americanas e de 16 do Leste da Ásia e Oceania será realizado na próxima quinta-feira, dia 25, embora as reuniões técnicas preparatórias comecem na terça-feira, dia 23.
A reunião será realizada em um contexto internacional tenso devido às turbulências nos mercados de ações e pelas incertezas que reinam sobre a dívida dos Estados Unidos e Europa, que encontram-se ameaçados pela recessão.
“Pode haver uma recessão mundial, mas não será necessariamente profunda”, disse o economista argentino Claudio Loser, ex-titular do Departamento Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Loser destacou que “nos Estados Unidos há problemas políticos com consequências econômicas e na Europa há problemas econômicos com consequências políticas. Pode haver um efeito contagioso em outras regiões”.
Apesar da crise externa, o comércio entre países do Focalal quadruplicou seu volume de negócios nos últimos 10 anos, tendo sido este o maior incremento comercial entre duas regiões do globo no período, conforme informou um comunicado da chancelaria argentina.
Contudo, a perspectiva é de que a “China vá crescer a um ritmo menor, assim como o Brasil”, o que influenciará os países do Fórum, afirma o economista Rodrigo Alvarez, da consultora Ecolatina.
Um pilar fundamental do Fórum é a China, que segue posicionada como a segunda economia global e superará em 2013 a União Europeia como principal destino das exportações da América Latina e também como segundo provedor, segundo um informe da Comissão Econômica para América Latina (CEPAL),
“Creio que a peça-chave neste processo é a China, e por isso é preciso acompanhar bem de perto os rumos do gigante asiático”, disse Guillermo Wierzba, diretor do Centro de Economia e Finanças para o Desenvolvimento (Cefid).
Wierzba afirmou que a China “é a grande compradora de matérias-primas da Argentina” e de outras nações latino-americanas.
A China é o primeiro mercado de destino das exportações de Brasil e Chile, além de ser o segundo principal destino para as exportações de Argentina, Peru, Cuba e Costa Rica, segundo a CEPAL.
Contudo, ao analisar a importância desta relação, a ministra argentina de Indústria, Débora Giorgi, prevê um horizonte problemático caso haja maior oferta de produtos no mundo como consequência da crise.
“Países como China, outros do sudeste asiático e alguns desenvolvidos, poderiam se tornar mais agressivos comercialmente porque haveriam excedentes”, advertiu Giorgi.
Os encontros técnicos do Focalal se dividirão em grupos que tratarão assuntos de política, cultura, educação, esportes, economia, sociedade, ciência, tecnología e turismo.
Na América Latina, o Focalal é integrado por Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Republica Dominicana, Uruguai e Venezuela.
Completam o grupo Austrália, Mianmar, Brunei, Camboja, China, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Filipinas, Singapura, Tailândia, Laos, Malásia, Mongólia, Nova Zelândia e Vietnã (leste da Ásia e Oceania).