A advogada especializada em direitos humanos Amal Clooney, hoje mais conhecida como a mulher do ator George Clooney, foi ao Cairo neste sábado acompanhar uma sessão do julgamento de seu cliente Mohammed Fahmi, jornalista da Al Jazeera acusado de divulgar notícias falsas e trabalhar sem as autorizações necessárias em 2013. Fahmy, que possui nacionalidade canadense, foi condenado junto a outros dois jornalistas da emissora catari, o australiano Peter Greste e o egípcio Baher Mohamed. Todos pegaram três anos de prisão, mas Fhamy levou seis meses a mais pela posse de uma bala de pistola que ele encontrou durante uma manifestação. Os jornalistas já passaram mais de 400 dias na prisão e recuperaram a liberdade no começo do novo julgamento, ao pagar uma fiança de mais de 32 000 dólares.
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Ao proferir seu veredicto, o juiz Hassan Farid afirmou que os três homens “não eram jornalistas”, porque não estavam registrados como tal junto as autoridades competentes. A justiça egípcia considera que eles apoiaram em sua cobertura jornalística a Irmandade Muçulmana, do ex-presidente Mohamed Mursi, destituído e preso em julho de 2013 pelo ex-chefe do Exército e atual presidente, Abdel Fattah al-Sissi.
Os jornalistas da antena de língua inglesa da Al-Jazeera podem recorrer junto ao Tribunal de Cassação, que já anulou uma sentença do caso e pode confirmar ou anular novamente a decisão. Se anular, ele próprio deverá examinar o processo. O processo é cheio de indas e vindas. A leitura do veredicto já havia sido adiada em duas ocasiões. Greste foi julgado in absentia, depois de ter sido expulso para a Austrália em fevereiro sob um decreto presidencial.
Fahmy e Mohamed foram presos no tribunal após o anúncio do veredicto, apesar dos apelos da comunidade internacional para que o caso seja encerrado. A esposa de Fahmy, em lágrimas, estava presente no tribunal ao lado de Amal Clooney. A advogada indicou aos jornalistas que irá encontrar as autoridades do governo para pedir o perdão presidencial e a expulsão de seu cliente.
A presença de Amal Clooney na sessão acontece sete meses após a controvérsia suscitada por declarações da advogada ao jornal britânico The Guardian, quando revelou que as autoridades do Cairo ameaçaram prendê-la se publicasse um relatório sobre o sistema judiciário do Egito. O governo egípcio respondeu assegurando que a advogada poderia viajar ao Egito quando quisesse e ressaltou que não havia “nenhuma medida” que impedisse a sua entrada ao país.
(Com agência EFE)