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Alunos são acusados de terrorismo em caso de professor francês decapitado

Dois dos sete suspeitos são estudantes na escola onde Samuel Paty lecionava e teriam recebido mais de 300 euros do assassino para identificar a vítima

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 14h49 - Publicado em 21 out 2020, 17h12
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  • O promotor antiterrorismo da França, Jean-François Ricard, disse nesta quarta-feira, 21, que o assassinato do professor Samuel Paty contou com a colaboração de dois alunos da escola onde ele lecionava. Acusados de receber mais de 300 euros (2.000 reais) do assassino, Abdullakh Anzorov, para identificar a vítima, os jovens de 14 e 15 anos enfrentam acusações de associação com terroristas e cumplicidade com homicídio.

    Paty foi esfaqueado e decapitado enquanto voltava para casa na sexta-feira 16 por Anzorov, jovem de 18 anos de origem chechena, que foi morto pela polícia logo depois. O incidente ocorreu depois que o professor mostrou para a sua turma duas charges do profeta Maomé, como parte de uma discussão sobre liberdade de expressão.

    As imagens faziam parte de uma série publicada pela revista Charlie Hebdo, que resultou em um ataque terrorista à redação em 2015, no qual 12 pessoas foram mortas.

    Anzorov publicou uma foto da vítima nas redes sociais e enviou um áudio em russo dizendo que “vingou o profeta”. Ele criticou o professor de História e Geografia por tê-lo “mostrado de maneira insultante”. A representação visual dos profetas, como Abraão e Moisés, é estritamente proibida pelo islã sunita e, em alguns países muçulmanos mais rígidos, ridicularizar ou insultar o profeta Maomé pode resultar em pena de morte

    “Irmãos, rezem para que Alá me aceite como mártir”, afirma. A mensagem foi acompanhada de dois tuítes nos quais admite que matou o professor.

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    Nesta quarta-feira, uma cerimônia de 400 pessoas prestou homenagem a Paty na Universidade Sorbonne. Ele foi condecorado postumamente com a maior homenagem do país, a Légion d’Honneur, pelo presidente Emmanuel Macron. O líder francês, emocionado, disse que o professor era um “herói silencioso”.

    “Ele foi vítima da estupidez, da mentira, da confusão, do ódio pelo que somos na nossa essência. Na sexta-feira, tornou-se a cara da República”, declarou Macron. Ele completou que a França vai continuar a luta pela liberdade e pela razão, e que “as luzes não vão se apagar”, prometendo repressão ao extremismo islâmico.

    “Não é só fazer novos avisos”, disse o presidente na terça-feira 20. “Nossos concidadãos esperam atos. Esses atos vão se intensificar”.

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    A polícia fez buscas em dezenas de supostos grupos extremistas e islâmicos e vários serão desmantelados. Uma mesquita perto de Paris ficará fechada por seis meses.

    Além dos estudantes que teriam recebido dinheiro de Anzorov para identificar o professor, três amigos do jovem checheno são suspeitos de levá-lo de carro até a escola e ajudá-lo a comprar uma faca e outras armas. Um dos pais da escola e um militante islâmico também enfrentam acusações.

    O pai postou declarações e vídeos no Facebook exigindo que Paty fosse demitido. O militante também postou nas redes sociais, descrevendo o professor como um “criminoso” e parte de uma campanha de ódio. O promotor Ricard afirmou que há evidências de que o assassino foi “diretamente inspirado” por algumas das postagens.

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    O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, acusou o pai, que conversou pelo WhatsApp telefone com o assassino nos dias anteriores ao ataque, e o militante de emitir uma “fátua” (pronunciamento legal no Islamismo) contra Paty.

    Nove outras pessoas detidas desde o assassinato, incluindo quatro membros da família de Anzorov, foram libertadas.

    O assassinato aconteceu três semanas depois de duas pessoas ficarem feridas em um ataque realizado com um facão por um paquistanês de 25 anos próximo às antigas instalações do semanário satírico Charlie Hebdo. O autor do ataque disse aos investigadores que queria vingar a republicação das charges de Maomé pela revista no início de setembro.

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    Sob o título “Tout ça pour ça” (‘Tudo isso por isso’, em tradução livre), a revista voltou a republicar desenhos do profeta que incitaram um ataque em janeiro de 2015 por dois extremistas que deixou 17 mortos. A republicação das charges foi feita por conta do julgamento dos atentados, que começaram no início de setembro.

    Vários integrantes da redação do Charlie Hebdo morreram no atentado, incluindo os desenhistas Cabu, Charb, Honoré, Tignous e Wolinski, o que provocou um movimento de apoio sem precedentes a favor do semanário satírico, na França e no exterior. 

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