Acusado de corrupção, presidente paraguaio escapa de impeachment
Em meio a aumento de casos de Covid-19, Mario Abdo Benítez também é acusado pela oposição de ser 'inoperante' na gestão da pandemia
O Congresso do Paraguai rejeitou por maioria na quarta-feira, 17, uma tentativa de abrir processo de impeachment contra o presidente Mario Abdo Benítez, acusado pela oposição de corrupção e de ser “inoperante” da gestão da pandemia de Covid-19. Após a decisão, houve novas manifestações em frente ao Congresso contra o presidente, no cargo desde agosto de 2018, e a polícia usou balas de borracha, gás lacrimogêneo e jatos d’água.
Os deputados do Partido Colorado, de Benítez, que têm a maioria na Casa, conseguiram derrubar a proposta por um placar de 42 votos contra, 36 a favor e dois ausentes, em duas rodadas de votação. A bancada do Partido Liberal, maior da oposição e principal voz ao pedido de impeachment, tem 29 cadeiras, e eram necessários 53 votos para que o processo fosse encaminhado ao Senado.
A iniciativa surgiu após protestos populares realizados há uma semana e meia em Assunção para denunciar a escassez de medicamentos para os pacientes com Covid, o colapso de hospitais e casos de corrupção em compras de suprimentos para enfrentar a pandemia, além do atraso na compra de vacinas. No começo do mês, o ministro da Saúde, Mazzoleni, renunciou ao cargo, após pedido formal no Senado para que deixasse o posto.
Ao menos cinco pessoas foram presas na noite de quarta-feira nos protestos. Alguns dos manifestantes denunciaram a jornalistas a intervenção policial no protesto, classificando-a como arbitrária e alegaram que o grupo se limitou a exercer seu direito de protestar pacificamente.
Os incidentes começaram em torno do Congresso, quando a polícia dispersou um grupo de pessoas reunidas para apoiar o julgamento de Benítez e de Velázquez. O resultado frustrou os manifestantes e alguns deles atiraram pedras em direção ao cordão de segurança montado pela polícia. Os agentes reprimiram a ação e forçaram os manifestantes a se deslocarem para outras áreas do centro de Assunção, onde estes últimos causaram vandalismo.
Pandemia
O Paraguai passava pela pandemia com números controlados devido a um forte isolamento social e fechamento de fronteiras. No entanto, o aumento de casos diários nos últimos dias expôs o seu fraco sistema de saúde. Ao todo, o país soma 185.388 casos, incluindo 3.588 mortes.
No último domingo, o governo anunciou um período de restrição parcial da circulação noturna. A partir desta quinta, às 20h, vigorará diariamente um toque de recolher, até 5h do dia seguinte, nas 24 cidades mais impactadas pela segunda onda de contágio do novo coronavírus, que tem como epicentro a capital paraguaia, Assunção e o Departamento Central, onde estão Luque, Capiatá, Itauguá, entre outros municípios.
De acordo com o decreto, só podem estar na rua neste horário as pessoas que não podem justificar atividades formais. Até meia-noite, é possível apresentar comprovantes de presença em restaurantes ou outros estabelecimentos gastronômicos.
Atualmente, o Paraguai encara um panorama de falta de vacinas para a população. Até hoje, chegaram ao país apenas 20 mil doses de agentes imunizantes, doados pelo Chile, que foram destinados a trabalhadores do setor da saúde.
O governo espera que chegue já nesta semana a primeira remessa que faz parte do mecanismo Covax, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com 36 mil doses, dentro das 4,3 milhões adquiridas em outubro do ano passado.