O presidente palestino Mahmud Abbas afirmou nesta sexta-feira que apresentará o pedido de adesão de um Estado da Palestina à ONU na próxima semana durante a Assembleia Geral.
“Vamos ao Conselho de Segurança”, declarou Abbas durante um discurso transmitido pela televisão em Ramallah. “Após meu discurso (na Assembleia Geral, no dia 23 de setembro), apresentarei o pedido de adesão ao secretário-geral para que o transmita ao presidente do Conselho de Segurança”.
“É nosso direito legítimo pedir a adesão do Estado da Palestina à ONU”, afirmou. O líder palestino assegurou que quer “acabar com uma injustiça histórica para alcançar a liberdade e a independência como todos os outros povos da Terra, com um Estado palestino dentro das linhas demarcadas no dia 4 de junho de 1967”.
“Após esta vitória, poderemos retomar as negociações em relação a Jerusalém, aos refugiados, à segurança, às colônias e aos nossos valorosos prisioneiros, com bases claras e aprovadas por todos”, explicou Abbas.
“Não iremos à ONU para isolar ou deslegitimar Israel, mas sim a ocupação israelense”, disse. “É do maior interesse palestino a unidade nacional e o fim da divisão”, afirmou, referindo-se ao processo de reconciliação com o Hamas, que controla Gaza.
Já o Hamas criticou a decisão de Abbas, e a caracterizou como “solitária”. Ela “comporta muitos riscos e pode constituir uma violação dos direitos nacionais, como o direito de ir e vir, o direito de resistência e de autodeterminação”, declarou à AFP Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas em Gaza, referindo-se aos temores de que o advento de um Estado prejudicaria os direitos dos refugiados fora dos territórios palestinos.
Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores palestino, Riyad al-Malki, indicou que Abbas apresentará no dia 23 de setembro o pedido de adesão de um Estado palestino à ONU, exceto no caso da oferta de uma alternativa “crível” para a retomada das negociações. Washington já afirmou que vetará qualquer pedido levado pelos palestinos ao Conselho de Segurança.
Em Jerusalém, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, denunciou nesta sexta a decisão “unilateral” do presidente palestino Mahmud Abbas de pedir a adesão de um Estado da Palestina na próxima semana à ONU.
“A paz não será conquistada por meio de uma demanda unilateral na ONU”, indicou Netanyahu em um breve comunicado.
“Não se pode obter a paz associando-se com a organização terrorista Hamas”, em referência ao processo de reconciliação entre o partido Fatah, de Abbas, e o Hamas.
Israel e Estados Unidos se opõem à demanda de adesão de um Estado da Palestina, e argumentam que a paz só pode resultar de um retorno às negociações diretas, que há um ano estão paradas.
Os palestinos acreditam que a ascensão ao status de Estado permitirá o recomeço das negociações de paz, pois corrigirá um desequilíbrio de forças existentes entre Israel e a Palestina.
Netanyahu deverá se apresentar à Assembleia Geral na próxima sexta-feira, mesmo dia que Abbas, afirmou à AFP um integrante do governo.
Antes disso, uma reunião do Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU) é prevista para o domingo em Nova York, segundo o departamento de Estado.