O Papa Bento XVI, de 84 anos, tem diante de si uma viagem extenuante de três dias a Benin, a partir desta sexta-feira e até domingo, depois de ter dado sinais de fadiga ao longo do ano, e em meio a um pesado programa de trabalho.
Papa há seis anos e meio, o Pontífice, guia de 1,181 bilhão de católicos no mundo, visitará um único país, Benin, permanecendo duas noites na capital, Cotonou. O único deslocamento previsto será uma viagem de ida e volta pela estrada de Ouidah, a 40 km.
“Não haverá nada de novo, nada a acrescentar, nenhuma indicação médica particular”, repete o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, um tanto irritado com as perguntas insistentes sobre a saúde do chefe da Igreja.
Segundo o padre Lombardi, o Vaticano ainda trabalha num projeto de viagem ao México e a Cuba, “um sinal, disse ele à AFP, de demonstração que o Papa tem energia suficiente e muitos planos”.
O porta-voz destacou que Joseph Ratzinger honrou este ano “todos os compromissos de um programa pesado, com uma dedicação total, capacidade e dignidade”.
No verão passado, durante as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) em Madri, manteve um ritmo esgotante no calor, enfrentando também tempestade, durante vigília ao lado de mais de um milhão de jovens.
Em seu país natal, a Alemanha, em setembro, pronunciou em quatro dias cerca de 20 discursos, deslocando-se por três cidades.
No dia 16 de outubro, pela primeira vez, o recurso a um estrado móvel, que permitiu a ele atravessar a imensa basílica de São Pedro, para “aliviar a fadiga”, motivou um certo alarme.
Isso fez lembrar João Paulo II que, a partir do final de dezembro de 1999, já fragilizado pelo Mal de Parkinson, passou a usar, também, o estrado móvel.
O padre Lombardi destacou que esse dispositivo permitiria, também, aumentar a “proteção” de Bento XVI na multidão.
Segundo o site Vatican Insider, o Papa sofre de artrose no quadril direito – uma afecção comum em sua idade – e que incomoda quando anda.
“O que observamos no Papa é mais um problema decorrente do envelhecimento do que de doença em si”, resume o vaticanista Sandro Magister.
Mas é certo que o Pontífice sofreu problemas cardíacos quando era cardeal. Por causa disso, nos preparativos para uma viagem eventual ao México, com a capital situada na altitude, foi descartada por esse motivo.
Um médico, Patrizio Polisca, vai acompanhá-lo a Benin como em todas as viagens. Ele tem sempre por perto uma estrutura médica de ponta no país de acolhida.
O que é difícil para um homem de sua idade, confia um de seus próximos, é dormir longe de seu apartamento e de suas referências.
No Vaticano, como homem organizado, ele observa um ritmo regular, sabendo administrar tempos curtos de repouso num ritmo carregado, e renunciar a fadigas inúteis. Foi assim que deixou, há dois anos, de ir aos Alpes no verão, preferindo a tranquilidade de sua residência de Castel Gandolfo, perto de Roma.