Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

A candidata do Partido Verde que pode atrapalhar Kamala Harris nas eleições dos EUA

Candidatura da médica Jill Stein, que já concorreu em 2012 e 2016, foi anunciada em novembro do ano passado

Por Paula Freitas 5 nov 2024, 15h26
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Há mais de um século, republicanos e democratas se alternam na presidência dos Estados Unidos, num sistema conhecido como bipartidarismo. Candidatos independentes ou de legendas menores, no entanto, não são impedidos de entrar na disputa. É o caso do Partido Verde, que lançou o nome de Jill Stein, e que agora pode atrapalhar os esforços da vice-presidente Kamala Harris em alcançar a vitória nas eleições desta terça-feira, 5.

    O Partido Verde é uma federação de esquerda americana, composta por partidos verdes estaduais. A sigla tem como objetivo lutar pela justiça social e por pautas ambientais. A candidatura de Stein, que já concorreu em 2012 e 2016, foi anunciada em novembro do ano passado. A política de 74 anos é médica formada por Harvard e é “uma defensora pioneira da saúde ambiental e uma organizadora para as pessoas, o planeta e a paz”, segundo o site do partido. Ela surge, portanto, como uma espécie de terceira via.

    A campanha de Harris não fechou os olhos para os potenciais problemas que a ambientalista de esquerda poderiam causar. Em outubro, uma propaganda democrata dizia que “um voto em Stein é realmente um voto em (Donald) Trump”, enquanto o rosto dela se transformava no do republicano. O ex-presidente, por sua vez, assumiu um tom elogioso, mas irônico, à candidata Verde, afirmando: “Jill Stein? Eu gosto muito dela. Sabe por quê? Ela tira 100% deles.”

    No mesmo mês, o Comitê Nacional Democrata anunciou US$ 500 mil (cerca de R$ 2,8 milhões) para tentativas de persuasão de último hora nos sete estados-pêndulo — Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Geórgia, Nevada, Arizona e Carolina do Norte, onde as preferências partidárias se alternam e cujos colégios eleitorais, por conta disso, definirão a eleição. A missão democrata tinha como objetivo convencer eleitores de terceiros partidos, como os de Stein, a virar voto para Harris.

    Continua após a publicidade

    + Kamala convoca eleitores às urnas, diz que ‘cada voto conta’ e ignora insultos

    Posicionamentos de Stein

    A candidata tem um posicionamento forte sobre a guerra na Faixa de Gaza, iniciada em outubro do ano passado. Ela quer um cessar-fogo imediato, o fim do bloqueio econômico em Gaza, o aumento de ajuda humanitária e a libertação de palestinos de prisões israelenses, bem como dos reféns mantidos pelo grupo palestino radical Hamas. Stein também deseja “parar o apoio dos EUA e as vendas de armas para violadores dos direitos humanos” e “responsabilizar Israel perante o direito internacional”.

    O posicionamento pode atrair camadas insatisfeitas com a maneira como a administração de Joe Biden tem lidado com o conflito. Entre abril e maio, protestos ruidosos tomaram conta de universidades americanas. A maioria se alinhava à causa palestina. Stein também apela para a dissolução da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal aliança militar ocidental.

    Continua após a publicidade

    A respeito da guerra na Ucrânia, a médica quer “parar de alimentar” as hostilidades e costurar uma negociação para o fim do conflito, que já se estende por dois anos e 9 meses. No campo ambientalista, procura avançar na transição para energia limpa e zerar emissões de carbono. Com uma “abordagem ecossocialista”, Stein quer declarar emergência climática e liberar US$ 650 bilhões anuais para energia renovável e transporte limpo.

    A candidata também deseja criar uma economia que funcione “para os trabalhadores, não apenas para os ricos e poderosos”. Por isso, planeja abolir escolas privadas, investindo em educação gratuita desde pré-escola até pós-graduação. Ela propõe cancelar a dívida estudantil de 43 milhões de pessoas, reduzir impostos para aqueles abaixo da renda média de US$ 75 mil por domicílio e aumentar tarifas para corporações ultra-ricas.

    + Como funciona o sistema “semieletrônico” de votação nos EUA?

    Continua após a publicidade

    Histórico na eleição de 2016

    Em 2016, Hillary Clinton venceu no voto popular, a nível nacional, mas perdeu para Trump por não ter conseguido conquistar os 270 delegados necessários para alcançar a Casa Branca. Uma análise do portal americano Vox indicou que caso todos os eleitores de Stein tivessem votado em Hillary, a candidata democrata poderia ter arrematado Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, derrotando Trump. Na ocasião, a candidata Verde ganhou 132 mil votos no trio de estados. Hillary, em comparação, perdeu para o empresário por  77 mil votos.

    + Trump vota na Flórida e afirma que apoiadores ‘não são violentos’

    Como poderia atrapalhar Kamala?

    Stein conquistou apenas 1% das intenções de voto neste pleito, segundo uma média de sondagens nacionais divulgada pelo jornal americano The New York Times. Mas ela tem ganhado atenção de eleitores muçulmanos, como apontou o Conselho de Relações Americano-Islâmicas (CAIR) na semana passada: 42,3% deles preferem Stein, contra 41% de Harris e 9,8% de Trump. A pesquisa contou com 1.449 muçulmanos registrados e foi realizada entre 1 e 31 de outubro.

    Continua após a publicidade

    Estima-se que existam 2,5 milhões de eleitores muçulmanos americanos. Ou seja, seriam 1,6% de 160 milhões de eleitores registrados nos EUA. Nos estados-pêndulo, Stein varia de 0,7 a 2% nas pesquisas. Com uma margem apertadíssima entre Trump e Kamala, esse percentual poderia ser a diferença entre levar, ou não, um dos swing states.

    “A votação agora está tão acirrada que uma pequena inclinação em uma direção ou outra pode mudá-la”, disse Bernard Tamas, professor de Ciência Política na Valdosta State University, ao jornal britânico The Guardian.

    O receio da vitória de Trump contaminou o partido Verdes Europeus, que inclui Verdes por toda a Europa. Na última sexta-feira, a sigla apelou para que Stein se retire da corrida e endosse a candidatura democrata, argumentando: “Estamos certos de que Kamala Harris é a única candidata que pode bloquear Donald Trump e suas políticas antidemocráticas e autoritárias da Casa Branca”. Ela não voltou atrás.

    Continua após a publicidade

    Apenas quatro candidatos de terceiros conseguiram ganhar votos no Colégio Eleitoral desde 1920 — Robert La Follette, Strom Thurmond, George Wallace e John Hospers. Stein parece não ter força para entrar na lista, mas pode ser uma pedra no sapato de Kamala.

     

     

     

     

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.