A aparição pública do rei Charles depois do diagnóstico de câncer
Como o show tem que continuar, o monarca deixou-se fotografar ao lado de Camilla, a rainha consorte
“Nunca reclame, nunca explique.” A irônica frase foi, desde sempre, um mantra da monarquia britânica. Na semana passada, contudo, houve uma piscadela para alguma transparência: o Palácio de Buckingham anunciou, em comunicado oficial, que o rei Charles III, de 75 anos, tem câncer. O diagnóstico ruim foi recebido depois dos exames para uma intervenção de correção da próstata, comum para homens de sua idade. Nada se falou sobre o tipo específico da enfermidade, agora. A nota limitou-se a informar que a turma de sangue azul veio a público para “evitar especulações”. No segundo seguinte, é claro, dada a imprecisão, as especulações dispararam a não mais poder (até a renúncia foi citada). Mas, como o show tem que continuar, o monarca deixou-se fotografar ao lado de Camilla, a rainha consorte, em um carro que saía da residência de Clarence House, em Londres. Ele acenava e sorria. Tinha recebido a visita do caçula posto para escanteio, Harry, que viajou da Califórnia para a Inglaterra sozinho. Os olhos se voltam, agora, para William, o primeirão da linha sucessória (com 62% de simpatia da população, segundo sondagens recentes), e para a princesa Kate Middleton (61% de aprovação). Ela, aliás, também acaba de sair do hospital, depois de duas semanas internada para uma “cirurgia abdominal”, e nada mais se disse, porque a lei — insista-se — é nunca explicar. Charles III (51% acham que ele está se saindo bem no trono) deverá se ausentar dos compromissos públicos. Enquanto isso, o diz que me diz seguirá. God save the king.
Publicado em VEJA de 9 de fevereiro de 2024, edição nº 2879