Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

O novo figurino em tempos de reuniões por vídeo

As chamadas em home office criaram um novo estilo de roupa de trabalho, em que só a parte de cima importa. Embaixo da mesa, a regra é o conforto

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h57 - Publicado em 10 jul 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • _R_-15325.jpg
    UNIFORME - Morrone, no “escritório”: “Faz três meses que não sei o que é usar calça ou sapato fechado”. (Jonne Roriz/VEJA)

    Já virou rotina: antes de iniciar uma das muitas videoconferências impostas por seu cotidiano de trabalho em casa, o publicitário alagoano Davi Pradines escolhe entre as duas camisetas que compõem seu figurino quarentena, a preta com estampa e a toda amarela. Assim vestido ele conversa com fornecedores, participa de reuniões e assiste às aulas de pós-graduação. “Alterno uma e outra todos os dias. Ninguém nunca percebeu a repetição”, afirma Pradines, 30 anos, que reserva as camisas sociais e blazers para os encontros virtuais mais sérios, com clientes ou acionistas da startup em que atua no Recife. “Mulheres e homens têm escolhido repetir peças no home office. Não vejo problema nenhum. Acho, inclusive, uma opção sustentável e responsável”, diz a consultora de moda Lilian Pacce. É verdade, mas quem, antes da pandemia, passaria a semana alternando duas camisetas? A proliferação das chamadas de vídeo instituiu um novo modo de se vestir para trabalhar, que privilegia o conforto, foge do rebuscado e elimina o ritual matinal de combinar roupa, sapato e acessórios com a temperatura lá fora.

    Já que a roupa de reuniões domésticas só aparece da cintura para cima, as marcas investem em propaganda de blusas, camisas polo e camisetas — no Brasil, o termo “blusa” atingiu seu pico de buscas dos últimos doze meses no Google justamente no fim de maio, de acordo com o Google Trends. “Os varejistas buscam oferecer aos clientes um meio-termo, roupas confortáveis para usar em casa mas que passem uma imagem apropriada”, define Maria Carolina Melo, especialista do mercado de moda e diretora da consultoria Tropic Consulting. O empresário Marcos Morrone, 64 anos, dono de um escritório de design para varejo em São Paulo e que antes da quarentena circulava com o clássico trio jeans-camisa social-paletó, agora é adepto convicto da “moda Zoom”. “Do tronco para baixo, passo o dia de bermuda e chinelo. Faz três meses que não sei o que é usar uma calça ou sapato fechado”, relata. De manhã, com funcionários, é ainda mais radical: aparece com traje de fazer esteira. “Não sou só eu. Todos com quem converso por vídeo adotaram o estilo despojado e confortável”, afirma. Convenhamos: uniforme de correr na esteira é radical. Mas o outro lado também é verdadeiro — seriedade, para quem está obviamente sentado à mesa de jantar da casa, é demais.

    arte-moda

    O manual do bem-vestir em home office recomenda evitar cores fortes, maquiagem pesada e acessórios gritantes (veja no quadro ao lado), tudo duplamente ressaltado naquela telinha que não mostra o conjunto inteiro. Nas mulheres, decotes são um convite à distração, por óbvias questões de enquadramento. “No ambiente virtual, qualquer coisa que passe do tom é como se você estivesse gritando para a câmera, mesmo estando em silêncio”, ensina Lilian. Vaidosas que se arrepiam com roupas simplesinhas costumam apelar para echarpes, lenços e brincos, muitos brincos. A joalheria Vivara registrou em junho aumento de 13% nas vendas deles em uma de suas coleções em relação ao mesmo mês do ano passado, avanço maior do que o consumo de anéis e outros itens. Para a administradora Sandra Speyer, da área de tecnologia, se vestir da cabeça aos pés, como fazia todos os dias antes da pandemia, é uma forma de entrar no ritmo mesmo estando dentro de casa. Ela é grande adepta das echarpes e xales em volta do pescoço, mesmo tendo adaptado a parte de baixo do traje. “Troquei o salto pela rasteirinha e a maquiagem mais forte por um batom cor de boca e um rímel”, diz. “Também abandonei as pulseiras e anéis, até por motivo de higiene.”

    Continua após a publicidade

    ASSINE VEJA

    Vacina contra a Covid-19: falta pouco
    Vacina contra a Covid-19: falta pouco Leia nesta edição: os voluntários brasileiros na linha de frente da corrida pelo imunizante e o discurso negacionista de Bolsonaro após a contaminação ()
    Clique e Assine

    Nos Estados Unidos, as lojas on-line de roupa masculina oferecem a Zoom shirt, uma camisa curinga de tom neutro que não amassa nem compromete. Lá são comuns os relatos de profissionais que colocam a “camisa Zoom” na cadeira, ao lado do laptop – eles põem no momento da videoconferência, tiram ou trocam pelo pijama assim que acaba. Detalhe: a mesma camiseta, dias seguidos. De novo, ninguém nota. No caso das mulheres, a peça que fica a mão é o sutiã, não para trocar pelo que estão usando, mas porque abriram mão dele na temporada de isolamento. A moda pandemia vai durar? “É comum que se crie um novo padrão estético após grandes crises da humanidade. Neste momento, valoriza-se o conforto. Mas a previsão é de uma volta à sofisticação assim que a economia se estabilizar”, diz João Braga, professor de história da moda da Fundação Armando Alvares Penteado, de São Paulo. Vai ser a hora de tirar o pó dos ternos e do salto alto.

    Publicado em VEJA de 15 de julho de 2020, edição nº 2695

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.