Bartenders sugerem a releitura de três clássicos no dia do coquetel
As novas receitas trazem ingredientes e aromas inusitados como cerveja feita a partir da fermentação da mandioca brava.
Todos os anos, no dia 18 de maio, os mixologistas e clientes mais fervorosos comemoram o dia do coquetel, criado para homenagear a antiga arte de misturar bebidas alcoólicas, que começou na Grécia Antiga com os vinhos. Especialistas contam que o termo coquetel surgiu na Inglaterra, em 1798, para se referir a alguns tipos de bebidas, mas foram os americanos que se apropriaram do termo para designar misturas alcoólicas, que no início eram bem simples. O primeiro livro sobre o tema foi editado em 1860, por Jerry Thomas, com receitas de drinques, que levavam pelo menos um licor e bitters. A elaboração de um coquetel evoluiu muito desde então, transformando-se em uma arte, onde os bartenders podem levar dias para preparar um drinque autoral com sabores inusitados e criados a partir de infusões das mais variadas. Abaixo, a releitura de três clássicos para comemorar esse dia com novos sabores. Saúde!
NEGRONI
HISTÓRIA: criado em 1919, na cidade de Florença, no Caffé Giacosa, que existe até hoje. Um frequentador assíduo, o Conde Camillo Negroni, pediu para o bartender de sua confiança (Fosco Scarselli) fazer uma versão mais forte de um drinques americano que tomava. Para atendê-lo, o coquetel ganhou Gin London Dry.
RELEITURA: o carioca Daniel Estevan, 33 anos, do gastrobar Nosso, no Rio, rebatizou o clássico como Negroni Cunhã Puca. Trata-se de um coquetel com notas amargas e defumadas, associadas com umami, para homenagear os índios Yanomamis, durante a final do Campari Competition, de 2022. Com ele, Estevan ganhou a prova e o drink virou campeão da carta. A receita vai gin infusionado com jambu, Campari infusionado com cogumelo Yanomami, caxiri (bebida alcoólica fermentada da mandioca brava, conhecida como cerveja da Amazônia) e blend de vermute italiano.
PAPER PLANE
HISTÓRIA: clássico contemporâneo, foi criado pelo consultor de bares Sam Ross, em 2008, no lendário bar Milk & Honey (1999-2014), de Nova York.
RELEITURA: no bar do restaurante Elena, no Rio, o drink leva vermute italiano (enquanto a receita original Amaro nonino) e Aperol. “Tem feito muito sucesso, porque o nosso mercado está entendendo melhor as funções dos amaros e dos amargos nas receitas”, diz Alex Mesquita, diretor criativo da casa, químico em bebidas, formado pela Universidade do Coquetel em Buenos Aires. No ano passado, foi eleito o bartender do ano, pela quarta vez, pela Veja Rio Comer & Beber, pela quarta vez.
SAZERAC
HISTÓRIA: elaborado em 1948, é o coquetel oficial de New Orleans e um dos mais antigos dos Estados Unidos. Tradicionalmente leva conhaque ou uísque de centeio, Peychaud’s bitters (mistura antigamente vendida como um elixir medicinal gástrico à base de ervas e brandy), em vez de angostura, e aromatizado com absinto.
RELEITURA: no bar Caledônia, em São Paulo, “fazemos uma junção de três destilados, conhaque, Rye Whisky e burbom”, diz Alison Oliveira, de 34 anos, chefe de bar do Caledônia. Nele, ainda vai xarope de açúcar, angostura e peychaut’s bitter. Outra variação do clássico oferecida na carta, The Hight Sazerac, leva Rye Whisky, infusionado em frutas desidratas (uva-passa, figo e damasco), conhaque (Rémy Martin) e Angustura Bitter , Peychauts Bitter, xarope triplo, feito à base agave, açúcar demerara e perfume de pastis (que dá o aroma de anis, fazendo as vezes do aroma do absinto).