Andreas Skov Olsen tinha só 14 anos quando sentou-se ao lado do pai, Thomas Olsen, em um consultório médico e ouviu que ‘talvez fosse a hora de parar com o futebol’. Dores no quadril o atormentavam e impediam de jogar. O único caminho era uma cirurgia para correção do problema, mas sem garantias de retorno. Olsen optou por tentar e, quase 18 meses depois, estava de volta aos campos. Oito anos após o episódio, o atacante é maior a esperança de gols da Dinamarca na Copa do Mundo do Catar.
A seleção europeia estreia nesta terça-feira, 22, às 10h (de Brasília), diante da Tunísia, em confronto que abre os duelos do Grupo D da competição, também composto por França e Austrália, que se enfrentam às 16h (de Brasília).
Aos 22 anos, ele é um dos destaques do Club Brugge, principal surpresa entre os 16 classificados às oitavas de final da Liga dos Campeões.
Autor de oito gols em 21 partidas pelo clube belga na atual na temporada, além de cinco assistências, virou peça importante também para o seu país na reta final do ciclo para o Catar.
Terminou as Eliminatórias como artilheiro da Dinamarca, com cinco gols, ao lado do lateral-esquerdo Joakim Maehle, da Atalanta, ajudando a equipe a conseguir classificação direta ao Mundial em grupo ao lado de Escócia, Áustria, Israel, Ilhas Faroe e Moldávia.
Apesar do espaço conquistados só mais recente na seleção, Olsen precisou somente de 22 minutos em campo para marcar pela primeira vez pelo país um dos gols da goleada por 4 a 0 diante das Ilhas Faroe, em amistoso realizado em 7 de outubro de 2020. Ele ainda deu uma assistência para o gol marcado por Andreas Cornelius na mesma partida.
Mesmo assim, perdeu espaço e foi reserva pouco utilizado na heroica campanha que levou a Dinamarca entre as quatro melhores seleções da Eurocopa, em 2021, marcada pela parada cardíaca sofrida pelo meia Christian Eriksen durante uma partida. A recuperação chegou logo após o término da competição, quando ganhou a titularidade.
Na atual edição da Liga das Nações, manteve o desempenho sendo titular em cinco das seis partidas e balançando as redes duas vezes, uma delas diante da França, atual campeã mundial.
Canhoto e com 1,87 m, o jogador nasceu em Hillerod e foi revelado pelo Nordsjaelland, pequeno clube do país. A notoriedade chegou na temporada seguinte, a de 2018/19, quando marcou 27 gols em 44 partidas pelo clube.
Em 2019, ao final da segunda temporada como profissional, foi comprado pelo Bologna, da Itália, por 6 milhões de euros. No novo clube, as duas temporadas de pouco brilho e apenas dois gols em 45 jogos são justificadas por uma insistente opção do técnico Sinisa Mihajlovic em escalá-lo como ala.
“Sua velocidade, o um contra um e seu pé esquerdo são suas melhores características”, disse Henrik Clausen, ex-técnico nas seleções de base da Dinamarca à First Time Finish.
Acabou vendido ao Brugge por 7 milhões de euros, onde iniciou a retomada pessoal. Na seleção, o prodígio foi ajudado pela relação próxima com Kasper Hjulmand, seu ex-treinador no Nordsjaelland, e, desde 2020, no comando da seleção. A maturidade tática adquirida na Itália também elevou o nível de seu futebol.
Agora no Catar, em sua primeira Copa, ele terá o maior desafio da carreira pela frente. A inspiração pode vir de Jon Dahl Tomasson, artilheiro que desabrochou mundialmente, justamente, na Copa do Mundo de 2002, na Coreia do Sul e no Japão, marcando quatro gols e acertando com o Milan ao final da competição.
Feito esse bem possível para quem já venceu obstáculos maiores.