Ronaldo foi a maior atração do evento que marcou a inauguração de um relógico no terreno onde o Corinthians constrói o seu estádio, com contagem regressiva para o início da Copa do Mundo de 2014. Desde o trajeto da Estação da Luz até o local, acompanhado de autoridades em um vagão da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o ex-jogador já era alvo constante de assédio. Nem um pênalti perdido diminuiu a idolatria.
Assim que desembarcou em Itaquera, após testar o transporte público em direção à Zona Leste, Ronaldo provocou euforia nas crianças que aguardavam o início da cerimônia. De nada adiantou o locutor pedir para que os garotos permanecessem sentados, para não atrapalhar a filmagem do evento. Até os adultos se levantaram para, aos berros, tirar fotografias do ídolo.
Quando Ronaldo pegou o microfone para discursar, a confusão aumentou. Um menino chegou a arremessar a sua camiseta no rosto do ex-jogador, que encarou a situação de forma bem-humorada. ‘Eu assino daqui a pouco’, disse, ameaçando perder a paciência. ‘Senta aí, senão não vou te dar autógrafo!’, advertiu.
As crianças não se importaram com a bronca. Ao contrário. Depois que Ronaldo se pronunciou, destacando o legado do estádio corintiano à Zona Leste, os garotos iniciaram o coro ensaiado: ‘É! Eu sei que é! O Ronaldo é melhor do que o Pelé!’. O ex-atleta riu, satisfeito, assim como fez Andrés Sanchez, presidente do Corinthians.Outros ex-campeões mundiais pela Seleção Brasileira estavam presentes no evento, como Coutinho, Leão, Paulo Sérgio, Rivellino, Vampeta e Zito. Todos foram homenageados e também tiveram seus nomes gritados pelas crianças, embora sem o mesmo entusiasmo
Único ex-goleiro no local, Emerson Leão foi convidado para enfrentar Ronaldo em uma disputa de pênalti. Uma trave foi improvisada no palco da cerimônia para o duelo, que provocou nova algazarra entre os convidados. Adultos e crianças não queriam perder a oportunidade de registrar o lance.
Em meio aos flashes disparados por seus fãs, Ronaldo bateu o pênalti no meio do gol, sem força. Leão, goleiro da Seleção Brasileira nas Copas do Mundo de 1970, 1974, 1978 e 1986, com longa trajetória no Palmeiras e curta no Corinthians, agarrou a bola com facilidade. Em seguida, risonho, chutou para longe.
Para as crianças, o erro de Ronaldo não importava: ele ainda era ‘melhor do que Pelé’, ao menos em popularidade. Não precisava nem conceder entrevistas após o evento. ‘Sei que o pessoal da imprensa vai ficar bravo… Mas vocês precisam se organizar melhor. Todo mundo vai sair ganhando’, queixou-se, pelo Twitter, depois de evitar os microfones. Leão também saiu calado – aparentemente, sem dar muita importância a convidados e ao presidente Andrés Sanchez, amigo do Fenômeno.