Raí fala com um sorriso no rosto sobre o Barcelona que goleou o Santos (adversário do São Paulo neste domingo) por 4 a 0 na final do último Mundial de Clubes. Não se trata apenas da mesma admiração generalizada pela equipe liderada pelo astro argentino Lionel Messi. É um sinal também das boas recordações de quem não teme o clube catalão.
Em 1992, na decisão do antigo Mundial Interclubes, Raí marcou os gols da vitória do São Paulo por 2 a 1 sobre o Barcelona de Johan Cruyff. A atuação de sua equipe fez o técnico holandês se render aos brasileiros, quase duas décadas atrás: ‘Se for para ser atropelado, que seja por uma Ferrari’. A reverência ainda enche de orgulho e serve como argumento para fazer comparações entre times do passado e do presente.
‘Em um confronto hipotético, o Barcelona de hoje até poderia ser favorito contra aquele São Paulo. Mas, se estivéssemos em um dia bom, com certeza teríamos chances de atropelar de novo’, apostou Raí, em entrevista à GE.Net, depois de se vangloriar do elogio de Cruyff.
‘O São Paulo era uma Ferrari que até melhorou em 1993 . A declaração do Cruyff foi simbólica. Veio de alguém que participou de um dos melhores times de todos os tempos, a Holanda de 1974, e que estava sendo considerado um treinador revolucionário. Ele era o melhor do mundo ao lado do Telê Santana e ficou surpreso com a qualidade e a versatilidade do São Paulo’, recordou.
Antes de perder o título intercontinental, contudo, Cruyff menosprezava o São Paulo. Disse que ‘quem corre são os covardes’, ao analisar o bom preparo físico do adversário, e ignorou as boas fases de Raí, Muller e Palhinha ao declarar não estar preocupado com a decisão do Mundial.
Apesar da soberba de seu comandante, os jogadores do Barcelona já tinham uma prova da capacidade do São Paulo. Haviam sido goleados por 4 a 1 pelos brasileiros em agosto de 1992, na final do torneio Teresa Herrera, em La Coruña, porém lembraram que estavam em início de temporada para justificar o resultado.
‘Essa partida quebrou o gelo para o São Paulo. Passamos a ter consciência de que estávamos no mesmo nível ou melhores do que o Barcelona. Sabíamos da nossa capacidade. Mesmo eles estando em começo de temporada, foi um jogo marcante para a gente. Fizemos uma preparação ótima em seguida e ganhamos também no Mundial’, contou Raí, orgulhoso.
O ídolo do São Paulo não guarda nenhum rancor de Cruyff. Ao contrário. Raí considera o holandês como um dos principais responsáveis por implantar a filosofia de jogo com que o Barcelona encanta os torcedores atualmente. ‘O Barcelona que enfrentamos tinha a mesma escola do Barcelona de agora. O Cruyff provou que o caminho correto para o clube seguir era aquele. Eles trocaram treinadores depois, mas mantiverem o estilo de jogo. Serve de exemplo para outros clubes’, enalteceu.Neste final de semana, já sem poder entrar em campo, restará a Raí torcer pelo São Paulo do presente contra a última equipe brasileira goleada pelo Barcelona. O clássico com o Santos será às 16 horas (de Brasília) de domingo, no Morumbi.