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No lançamento da pedra funtamental do museu do Flamengo, um retrato da crise rubro-negra

Presidente Patrícia Amorim assume responsabilidade pela situação do clube, em evento sem os principais ídolos da história do maior time do Brasil

Por Rafael Lemos, do Rio de Janeiro
16 nov 2010, 17h32

“Quero deixar bem claro que, como presidente do Flamengo, eu assumo todas as responsabilidades. Sobretudo de resultados que possam não ser condizentes com o nosso sonho. Não tenho medo de enfrentar isso”, afirmou Patrícia Amorim

Cesar Cielo, a estrela do lançamento da pedra fundamental do Museu do Flamengo, não apareceu – por problemas no voo. Zico, maior ídolo da história do clube, limitou-se a gravar um vídeo para ser exibido no evento. Andrade, técnico da equipe campeã brasileira de 2009, sequer foi citado. Ausências de peso, no momento em que o maior time do Brasil enfrenta risco de rebaixamento no Brasileirão, em um ano para ser esquecido do calendário, transformaram a festa na futura sede do museu rubro-negro em mais um retrato da crise na Gávea.

A cerimônia, realizada no dia seguinte ao aniversário de 115 anos do rubro-negro, ocorreu, na verdade, um dia após a data inicialmente prevista para a inauguração. O atraso, no entanto, torna-se pequeno diante do desafio que o Flamengo tem nas próximas semanas. A três rodadas do fim do Campeonato Brasileiro, o atual campeão corre atrás de pontos para se distanciar da zona de rebaixamento. Na 14ª posição, com 40 pontos (apenas três a mais do que o primeiro do ‘Z-4’), o Flamengo precisa desesperadamente de uma vitória no próximo sábado, diante do Guarani, no Engenhão, para afastar o perigo de comemorar 100 anos do futebol no clube, em 2011, disputando a Segunda Divisão.

A presidente Patrícia Amorim reivindicou, pela primeira vez, a responsabilidade sobre a delicada situação. “Quero deixar bem claro que, como presidente do Flamengo, eu assumo todas as responsabilidades. Sobretudo de resultados que possam não ser condizentes com o nosso sonho. Não tenho medo de enfrentar isso”, afirmou a dirigente, que se diz otimista em relação ao futuro do Flamengo na competição: “Em nenhuma, das 35 rodadas, o Flamengo esteve na zona de rebaixamento. Mas existem duas formas de olhar a vida: a otimista e a pessimista. Procuro pensar sempre que o Flamengo vai vencer. E trabalhamos para isso. Agora, futebol, como se sabe, é o imponderável. Pode acontecer ou não”.

O espaço onde será montado o museu: previsão de cerca de 9 mil peças selecionadas, entre uniformes, documentos e troféus
O espaço onde será montado o museu: previsão de cerca de 9 mil peças selecionadas, entre uniformes, documentos e troféus (VEJA)

Coube ao ex-meia Adílio a missão de representar a geração campeã da Libertadores e do Mundial de 1981 – definida pela presidente Patrícia Amorim como “o principal capítulo da história do clube”. A diretoria tentou minimizar as ausências dos ídolos, argumentando que a maioria deles participou, com depoimentos exibidos em um vídeo institucional. Na tela, o maior ídolo e até pouco tempo coordenador de futebol do clube, Zico, dividiu espaço com outros atletas que fizeram história na Gávea como Júnior, Bebeto, Romário e Zagallo, no futebol; Oscar Schmidt, no basquete; Bernard, Bernardinho, Virna e Leila, no vôlei; e a treinadora de ginástica Georgette Vidor, além da própria presidente, Patrícia Amorim, representando a natação.

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A presidente atribuiu a ausência de Zico a uma viagem e garantiu que não há boicote do craque. “Ele (Zico) nunca se negou a gravar nenhum depoimento. Até porque ele é o maior ídolo (do clube) e é o meu maior ídolo. Então, ele pode não estar presente de corpo, mas está presente em nossos corações”, disse.

Atletas no lançamento do museu: destaque para a ginástica olímpica
Atletas no lançamento do museu: destaque para a ginástica olímpica (VEJA)

Do atual elenco, o único presente era o técnico Vanderlei Luxemburgo. Depois de chegar ao clube com superpoderes no Departamento de Futebol e com contrato até o fim do mandato de Patrícia, ele sucede Zico como detentor das esperanças rubro-negras de que o time finalmente modernize a gestão do futebol. “Essa já é a minha terceira passagem como técnico. Também fui jogador. Faço parte dessa história. Agora, quero contribuir para o Flamengo se estruturar, se tornar um clube moderno. Como profissional e flamenguista, acho que voltei no momento certo”, afirmou Luxemburgo, que conquistou pouco no clube: um Campeonato Carioca como técnico (1991) e três na condição de jogador reserva (1972, 74 e 78).

Sem a presença da maioria dos ídolos do futebol e da maior contratação recente do clube – Cesar Cielo – coube à ginástica olímpica o maior número de estrelas – os irmãos Daniele e Diego Hypólito e Jade Barbosa.

O evento também foi marcado pela criação de uma ‘cápsula do tempo’, na qual foram guardados jornais, revistas e DVDs com mattérias de telejornais – todos com notícias do dia 15 de novembro de 2010 – e cartas de atletas, dirigentes e blogueiros. A caixa será reaberta daqui a 10 anos.

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O museu – Orçado em 8 milhões de reais, o museu contará com 2.500 metros quadrados, divididos em dois andares na sede do clube, diante da lagoa Rodrigo de Freitas. O dinheiro para tirar o projeto do papel vem integralmente da patrocinadora Olympikus, através do adiantamento de royalties.

Segundo um dos curadores, Marcos Eduardo Neves, o acervo será de cerca de 9 mil peças – incluindo os principais troféus, uniformes, reportagens, fotos e vídeos sobre o Flamengo. “O primeiro andar será informativo. Já o segundo será mais ‘pop’, mostrando como o Flamengo dita modas, incluindo a Música Popular Brasileira. Também teremos games interativos. Os visitantes poderão escalar o time dos sonhos, sentados num banco de reservas”, explica Neves.

Três curadores e mais três pesquisadores trabalham há cerca de um ano, catalogando e selecionando os itens que vão contar a história do clube de maior torcida do país. Além do acervo do próprio Flamengo e de doações de torcedores, o museu conta com uma verba – bastante limitada – para adquirir registros dessa história. “Queremos, por exemplo, imagens do Carioca de 1963. Foi o jogo de maior público do Flamengo – e talvez do futebol mundial. Havia 177 mil pessoas no Maracanã”, lembra o jornalista Roberto Assaf, também curador do museu.

Zico já colocou à disposição dos pesquisadores o acervo pessoal que mantém em sua própria residência. “Com certeza, ele deve ter muita coisa. Saber que o maior ídolo do clube abriu a casa para a gente é fantástico”, comemora Neves.

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