Kosovo conquista a primeira medalha olímpica de sua história
Comitê olímpico estreante em Jogos, o país venceu sua primeira medalha (e logo uma dourada) com a judoca Majlinda Kelmendi
A delegação do Kosovo faz sua estreia em Jogos Olímpicos justamente na Rio-2016. Com apenas 8 representantes (cinco mulheres e três homens), teria poucas chances de sair daqui com uma medalha. Só o fato de desfilar no Estádio do Maracanã com sua bandeira já seria motivo de orgulho suficiente. Mas a estreia olímpica foi ainda mais saborosa. A judoca Majlinda Kelmendi, porta-bandeira de seu país na cerimônia de sexta-feira, conquistou neste domingo a primeira medalha da história do Kosovo, e logo uma de ouro.
Ver sua bandeira hasteada, ouvir o hino nacional. Kelmendi sabe da simbologia deste momento para seu país, que ainda se recupera de uma guerra de independência há menos de duas décadas. “É um momento especial, principalmente para a geração mais velha do Kosovo. Eles sobreviveram a guerras, passaram por tempos muito difíceis e o que está acontecendo é um sonho de longa data para meu povo.”
E não é apenas Kelmendi que sabe da relevância desta conquista, o Comitê Olímpico Internacional também. Não foi uma coincidência, portanto, que o dirigente escalado para fazer a entrega das medalhas tenha sido o presidente do COI, o alemão Thomas Bach. “Ele fez muito pelo Kosovo”, revela a judoca. “Nós tínhamos um trato: eu só poderia competir pelo Kosovo se eu subisse ao pódio. Ele lembrou disso ao me entregar a medalha.”
A participação do Kosovo, independente de forma oficial desde 2008 (embora não seja reconhecido por muitos países, entre eles o Brasil), só foi garantida pelo COI em 2014. Esta, porém, não é a primeira participação olímpica de Kelmendi. Nos Jogos de Londres, em 2012, ela participou do torneio da categoria até 52 quilos sob a bandeira da Albânia. Ficou em nono lugar. Na véspera de sua estreia, ela comentou a diferença de poder defender sua bandeira. “Albânia é a Albânia, o Kosovo é Kosovo. É claro que somos o mesmo país e falamos a mesma língua, mas somos dois países distintos.” Hoje, com a medalha no peito, ela disse que recusou outras ofertas, de outros países, para competir sob sua bandeira. “Mas não quero falar de política, estou muito feliz para isso.”