Uma excessiva preocupação em atender à torcida limitou a passagem de Adilson Batista no São Paulo a três meses. Essa foi a avaliação de Juvenal Juvêncio. O presidente acredita que o treinador insistiu em escalar Rivaldo para evitar vaias e, ao não sacá-lo durante o 0 a 0 contra o Inter, na quarta-feira, em Barueri, deu a certeza ao dirigente de que a demissão seria a solução.
‘Às vezes, ele parecia querer atender ao pedido do torcedor para pôr o Rivaldo. E muitas vezes não era o caso… Contra o Inter, por exemplo, o Rivaldo ficou o jogo todo em campo, mas não estava bem. Perdeu um gol claro. Adilson é um bom cidadão, mas não deveria querer contemporizar, agradar à torcida, ao grupo ou à mídia. O compromisso aqui é com a instituição’, disse Juvenal ao jornal O Estado de S. Paulo.
Entre as falhas do treinador dispensado no domingo, após a derrota para o Atlético-GO, o presidente relatou uma fixação em provar seu valor após ser demitido por Corinthians e Santos e deixar o Atlético-PR com o pior início de Brasileiro com a competição nos pontos corridos. Insegurança que, em sua opinião, motivou os protestos da torcida. E Juvenal resolveu fazer o mesmo, ouvindo o clamor das arquibancadas.
‘O Adilson declarou ter convicção de que o São Paulo venceria o Atlético-GO. Baseado no quê? O time não vinha jogando bem. Demorei para tomar a decisão, porque é preciso ter segurança em uma hora como essa. É necessário escolher o momento certo. Eu mesmo disse ao Adilson antes do jogo contra o Atlético: ‘Se não vencermos, você sabe que não conseguirá subir a escada do Morumbi no jogo seguinte (amanhã, contra o Libertad), não haverá clima. A torcida vai te vaiar, inclusive eu’. O torcedor vive de paixão e está frustrado. Como não dá para trocar os 11 jogadores, trocamos o técnico’, justificou.
O dirigente elogia, mas não admite procurar Luiz Felipe Scolari e Dunga. E avisa que não pretende deixar o coordenador Milton Cruz do comando até o final da temporada – a ideia é que um substituto seja contratado depois da partida de domingo, contra o Coritiba, pelo Brasileirão.
‘Não existe um nome que seja unanimidade no clube. Talvez nem entre os treinadores empregados. Está difícil. Começamos a analisar e conversar internamente. Nosso objetivo é que o Milton Cruz fique nos dois próximos jogos, mas não até o fim do ano’, assegurou Juvenal, cobrando, mais uma vez, reação dos atletas.
‘Nosso time é competitivo, mas algumas peças não estão rendendo o que poderiam individualmente’, afirmou, isentando Luis Fabiano. ‘Se ele tivesse feito um gol, aquele de pênalti contra o Cruzeiro, por exemplo, já estaria melhor, mais tranquilo, menos ansioso. Mas é apenas questão de ajuste, logo ele estará bem.’