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Jogadoras do extinto Santos superam desemprego em São Paulo

Por Da Redação
13 mar 2012, 18h40

A lateral Maurine se surpreendeu quando acessou a internet no início do ano. ‘Não foi ninguém que me deu a notícia. Estava na tela do meu computador: o Santos tinha acabado com o seu time de futebol feminino. Fiquei desempregada e nem sabia’, recordou a jogadora da Seleção Brasileira. A partir de então, foram três meses de indefinição até que ela e nove de suas companheiras encontrassem um novo emprego, em São Paulo.

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Nesta segunda-feira, o Centro Olímpico apresentou a sua equipe de futebol feminino para a temporada, com as presenças de Bebetto Haddad, secretário municipal de Esportes de São Paulo, e de patrocinadores. Além de Maurine, o elenco conta com as ex-santistas Érika, Calan, Gabi, Raquel, Janaína, Kelly, Chú, Paula e Karen. Jucinara, que estava no Internacional, Andréia Rosa, na Ferroviária, e Mayara, vinda do Foz Cataratas-PR, também passaram a integrar o time.

A atacante Érika chegou a se emocionar ao recordar o período em que estava sem clube. ‘Foi terrível. É muito chato não saber o que vai acontecer com você. Diziam para a gente que tinha a possibilidade de o Santos voltar, e os treinamentos da Seleção Brasileira já tinha começado. As coisas são complicadas no futebol feminino. Ainda bem que apareceu o Centro Olímpico, com esse projeto ótimo. É uma prova de que, quando você quer, consegue manter uma equipe. Quando não quer, os times acabam’, desabafou.

Érika havia cogitado até seguir o exemplo de algumas de suas antigas colegas e encerrar a carreira no futebol. ‘Muitas com quem convivi desistiram. Muitas, muitas, muitas. A gente até convida para algum time, mas elas dizem que engordaram e estão recebendo salários melhores em outras áreas. Desde que o Santos acabou, tive propostas para atuar com marketing, administração e até como professora de academia. Passou um monte de coisas pela minha cabeça’, contou, lembrando que recebeu apoio do atacante Neymar (com rendimentos muito maiores do que todo o extinto time feminino do Santos) para não deixar de ser jogadora.Apesar das lamentações, esta manhã foi de alegria para as novas jogadoras do Centro Olímpico. Todas acordaram cedo e capricharam na maquiagem para serem anunciadas como reforços do time paulista. ‘Somos vaidosas, como todas as mulheres’, sorriu Maurine, que passou a dividir uma casa com a zagueira Juliana Cyrena e ainda se adapta aos problemas paulistanos. ‘Tenho carro e dirijo bem, mas estou estranhando o trânsito. Também preciso da ajuda do GPS para não me perder pela cidade.’

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Para a zagueira Alline Calandrini, a Calan, as mudanças foram mais drásticas. Considerada uma das musas das antigas Sereias da Vila, como eram conhecidas as jogadoras do Santos, ela estava habituada a morar sozinha no litoral. ‘Sou do Amapá, mas tinha uma casa em Santos, onde vivia há cinco anos, e gostava de lá. Mudar de vida é um pouco estressante, ainda mais depois desse gostinho amargo de indefinição. Estou dividindo um flat com a Kelly, a Karen e a Paulinha agora. É um pouco estranho essa coisa de espaço, mas já comecei a encarar de uma forma divertida. A gente ri muito. No último fim de semana, elas foram conhecer os barzinhos de São Paulo, e eu segui para Santos’, comentou, bem-humorada.

A alegria das jogadoras do Centro Olímpico depende da manutenção do projeto propagado por Bebetto Haddad. ‘Sou secretário de Esportes até o final de dezembro. Da minha parte, quero continuar investindo no futebol feminino e em outros esportes. Tenho certeza de quem assumir a Prefeitura também pensará assim. Ainda quero falar com o novo presidente da CBF pessoalmente sobre isso. Quero ser o polo político dessas meninas, que podem ser o grande orgulho do Brasil já nas próximas Olimpíadas’, discursou.

As jogadoras confiaram nas promessas que ouviram. ‘O futebol feminino dá retorno. Como alguém pode dizer o contrário se o Centro Olímpico acaba de montar esse time? Seria bom se os clubes de camisa seguissem o exemplo’, disse Érika. ‘Recebermos uma estrutura ótima aqui. Com toda essa visibilidade, preferi vir para cá, mesmo com o meu antigo time oferecendo o dobro do meu salário. Queria ter 20 anos para vivenciar bem essa reviravolta do futebol feminino, em boa fase’, concluiu, alegre, a defensora Andréia Rosa, ex-Ferroviária.Como prova de que o Centro Olímpico deverá ser uma das potências do futebol feminino brasileiro, a equipe estreou com goleada por 4 a 0 sobre o Duque de Caxias, no sábado, pela primeira rodada da Copa do Brasil – apesar de as jogadoras vindas da Seleção Brasileira sequer terem treinado com o novo elenco. ‘O resultado foi uma surpresa. Ainda temos muito a crescer’, projetou Calan. ‘Sabemos da nossa responsabilidade. Precisamos de resultados para continuar em alta e vamos buscá-los’, afirmou o técnico Arthur Elias, de 30 anos, que também almeja a sua valorização profissional. ‘Penso em Seleção Brasileira, assim como as meninas, mas para o futuro.’

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