Aposentado desde a temporada de 2008, Gustavo Kuerten passou a contar a partir desta sexta-feira com o patrocínio dos Correios, estatal que também apoia a Confederação Brasileira de Tênis (CBT). No evento em que anunciou o novo parceiro, o ex-jogador disse ver o País como um possível gigante da modalidade no futuro.
‘Estamos em evolução e já na metade do caminho para chegar ao nível de potência mundial. O Brasil tem esse potencial. Dentro de alguns anos, teremos 200 milhões de habitantes. Temos que pensar em formar jogadores competitivos para brigar por grandes torneios’, declarou o veterano na sede dos Correios, em São Paulo.
O tricampeonato de Guga em Roland Garros (1997, 2000 e 2001) e sua passagem pelo posto de número 1 do mundo não serviram para estruturar o tênis nacional – atualmente, Thomaz Bellucci, na 80colocação, é o único representante do Brasil no top 100 do ranking da ATP.
Em parceria com a CBT, o Ministério do Esporte e o técnico Larri Passos, Guga participa de um projeto de formação de jogadores voltado às Olimpíadas de 2016 com mais de R$ 2 milhões de verba. No grupo de 15 atletas, há promessas como Tiago Monteiro, Tiago Fernandes, Guilherme Clezar e Beatriz Maia.
‘Sou fanático e super otimista com o potencial do Brasil. Nosso dever de casa é fazer do país uma potência mundial no tênis e não vai ser fácil, mas é assim que começa. Atualmente, a modalidade vive uma realidade muito mais avançada. Ainda temos inúmeros problemas, mas nunca houve essa aglutinação de forças. É um momento ímpar’, disse.Com seu mais novo patrocínio, a ideia e Guga é otimizar os projetos ligados ao tênis dos quais já participa. Preocupado com o desenvolvimento da modalidade, ele vê como exemplo a Argentina, atualmente com sete representantes no top 100, apesar da população e do investimento no esporte menores em relação ao Brasil.
‘Em termos de conhecimento, os argentinos estão anos luz à nossa frente. Em uma cidade do interior da Argentina com 10 mil habitantes, tem um treinador capacitado para ensinar uma criança de cinco anos. No Brasil, você conta nos dedos os profissionais desse nível. Lá, os tenistas terminam de jogar e continuam ligados ao tênis, e o meio se sustenta’, disse.
Com os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro e a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, Guga vê uma oportunidade ‘surreal’ para transformar não apenas o tênis, mas todas as modalidades. Para o ex-jogador, as Confederações dos respectivos esportes são as únicas entidades capazes de promover uma mudança radical.
‘No esporte de alto rendimento, as coisas são complexas. Você começa a treinar um menino com seis anos e com 20 ele pode parar. Quantos melhores do mundo já ficaram pelo caminho? Temos que criar um sistema e um método de treinamento. Talvez dentro de cinco ou 10 anos já tenhamos uma realidade diferente’, sonhou.