Em evento realizado no Itamaraty, nesta quarta-feira, o governo federal divulgou o segundo balanço da preparação do Brasil para receber a Copa do Mundo de 2014. O documento indicou que a maioria dos projetos apresentados pelas 12 cidades-sede do Mundial ainda não avançou à fase de execução.
Um dos maiores motivos de preocupação refere-se à mobilidade urbana, uma vez que apenas cinco municípios (Belo Horizonte, Cuiabá, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro) já iniciaram obras nesse sentido. ‘Mobilidade é um assunto de relevância, pelos legados que serão deixados. É algo que nos deixa em estado de alerta’, reconheceu Orlando Silva, ministro do Esporte.
São Paulo tem a maior previsão de orçamento para a área de mobilidade urbana (R$ 2,86 milhões), porém é uma das cidades que estão atrasadas no setor – as outras são Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal e Salvador. A capital paulista só previu a construção da linha 17 do monotrilho (trem que usa pneus e trafega em vias elevadas), obra já contratada e com conclusão calculada para maio de 2014.
O Rio de Janeiro, por sua vez, começou a construir o BRT (trânsito rápido de ônibus) do Corredor Transcarioca em março – e deverá entregar a obra em novembro de 2013. Com 10 projetos (o maior número entre as cidades-sede), Porto Alegre só iniciou trabalhos em um, o da Avenida Severo Dullius, em setembro. Ao todo, serão investidos R$ 12,1 bilhões em 49 programas de mobilidade urbana no Brasil.Também continua a apreensão em relação às melhorias dos aeroportos – consideradas prioritárias por Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). As obras estão em andamento em apenas oito dos 13 localizados em cidades-sede da Copa de 2014. Os investimentos na área atingiram R$ 6,5 bilhões.
Na área aeroportuária, São Paulo mais uma vez será o Estado a receber maior aporte financeiro. Espera-se que o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, fique remodelado em novembro de 2013, após R$ 1,33 bilhão em investimentos. Já Viracopos, em Campinas, teve as suas obras concluídas. Orlando Silva destacou a implantação de câmeras para que o governo acompanhe melhor as evoluções dos projetos.
Para Wagner Bittencourt, secretário da Aviação Civil, será possível ‘planejar o futuro dos aeroportos, com mais tecnologia e ambientes melhores e mais produtivos’. ‘Estamos trabalhando com especialistas internacionais que nos ajudaram, nas diversas etapas, a traçar as ações para os aeroportos’, comentou.
O governo federal também anseia mais celeridade com a melhoria da infraestrutura turística – das sete obras programas em portos, nenhuma saiu do papel por enquanto. Orlando Silva lembrou que o Brasil precisa usar a Copa do Mundo para se propagar. ‘A Copa não precisa ser promovida porque ela já se promove. Mas vamos aproveitá-la para promover o País. Para isso, vamos, ainda em setembro, lançar um edital para projetos relativos à promoção do País nas dimensões sociocultural e turística que possui’, anunciou.
Já os estádios onde serão disputados os jogos do Mundial não causam tanta preocupação. Todos tiveram suas obras iniciadas, embora somente nove devam ficar prontos até a Copa das Confederações de 2013 – Manaus, São Paulo e Natal demorarão mais para erguer suas arenas. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibilizou linhas de financiamento para as obras de todas as sedes no valor de até R$ 400 milhões, sendo que já foram assinados R$ 2,3 bilhões em contratos.Um novo balanço sobre a situação do Brasil para receber o Mundial deverá ser apresentado em quatro meses. ‘Estamos seguindo a determinação da presidenta Dilma Rousseff, que quer um acompanhamento de tudo o que está sendo feito’, concluiu Orlando Silva, que pretende dar ênfase à segurança pública na próxima ocasião. Além dele e de Wagner Bittencourt, participaram do encontro desta quarta-feira os ministros Mario Negromonte (Cidades), Leônidas Cristino (Secretaria de Portos ) e Miriam Belchior (Planejamento).